sexta-feira, 13 de maio de 2016

A escola pública como palco de discussões das minorias ou como manutenção do status quo que ignora e perpetua exclusões.



 Daniel Machado da Luz, bacharel em Administração pelas São Judas, bacharelando em Ciências Sociais, com ênfase em Antropologia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul



A escola pública como palco de discussões das minorias ou como manutenção do status quo que ignora  e perpetua  exclusões


 Diariamente chega ao nosso conhecimento informações de disputas ideológicas sobre as pautas que podem ser tratadas na escola. Apesar de estarmos no século XXI o pseudo puritanismo de períodos remotos eclode com força total em nossos lares e na fala de inúmeros cidadãos que muitas vezes fazem parte do nosso cotidiano. 

A escola é um universo plural, onde a troca não se restringe apenas as questões conteudistas, há um constante diálogo entre professores, demais funcionários, alunos, pais e todos que orbitam neste universo. 

As esferas das diferenciações minoritárias surgem a todo instante em nosso cotidiano, questionamentos sobre a cultura indígena, africana, questões de gênero e sexualidade precisam sim ser discutidas em sala de aula que é o local bem indicado para essa troca de saberes. 
A Lei 10.639/03 que regulamenta o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira, até o presente momento parece estar sendo decorativa em algumas escolas, cujos profissionais não estão imponderados para trazerem uma discussão mais elucidativa, atendo-se basicamente as propostas do livro didático em datas específicas. 

Questões de gênero parecem um tabu, como se não existisse a necessidade de abordarmos com os alunos nuances mínimas para que desde cedo se aprenda a respeitar as diferenças. 

Racismo, Machismo, Gordofobia, Homofobia, Feminícidio e tantas outras práticas que excluem ou maltratam as diferenças não podem ser simplesmente ignoradas em nome da hipócrita “Moral e bons costumes” ou por orientação religiosa, uma vez que constitucionalmente o Estado é Laico. 

A onda de cerceamento das ideias com propostas de parlamentares que deixam um legado nefasto em termos de procedimentos e projetos tentando amordaçar os professores em sala de aula, além de beirar a surrealidade, contribuem para o crescimento do descrédito de boa parte da população face aos nossos agentes políticos fazendo ecoar o discurso de senso comum de que os políticos tem pouca utilidade e legislam em causa própria. 


A escola deve manter a sua integridade e se constituir em palco apropriado para essas discussões, onde se espera que uma boa parte dos seus professores possa dirimir dúvidas e contribuir na construção do saber de jovens, que quando bem instruídos chegarão ao mercado de trabalho, nos seus grupos sociais, nas universidades em condições mínimas de discernimento e capacidade de convivência com o diferente, até para que se evite a promoção de “Rolezinhos Reaças” dentro de ambientes acadêmicos e o que é pior gente fora do ambiente, que simplesmente por fanatismo religioso, falta de orientação e visão ingênua à respeito do mundo dê coro e guarida a essas tristes manifestações. 

A escola orienta, auxilia, troca saberes, mas a base da educação vem de casa, portanto se você ignora as minorias não tenha a intenção de que a escola seja o quintal de sua casa onde você dispõe a mobília ao seu gosto. Respeite para ser respeitado e se os seus princípios foram transmitidos aos seus filhos e eles aceitaram bem, não é o fato de eles saberem dessas questões abordadas na escola que eles mudarão suas convicções, mas pelos menos aprenderão a respeitar outros que não comungam dos mesmos ideais.