segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Quem conhece a História de Luis Carlos Solim?

Quem conhece a História de Luis Carlos Solim?

Rafael Freitas,  Historiador Alvoradense,  Membro fixo do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata e Comunicador popular na Rádio Comunitária a Voz do Morro





          A Prefeitura Municipal de Alvorada registrou, através de uma “nota de pesar”, o falecimento do servidor Luis Carlos Tomaz Sanguine. Conforme o seu site, Luis Carlos era conhecido como Solim, deixando a vida quando estava com 61 anos e teria deixado três filhos. A prefeitura informou, ainda, que o seu corpo foi sepultado em um sábado, na capela no Cemitério Municipal São José Operário, no bairro Formosa. Em seguida, forneceu mais dados. Solim foi servidor desde 1997 e era natural de Porto Alegre, morava no bairro Piratini em Alvorada, trabalhou no refeitório da Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV) e nos últimos anos no setor de Arquivo de Contabilidade da Secretaria Municipal da Fazenda.

          Luis Carlos Solim, no seu perfil no facebook, digitou em 27 de junho de 2014 que era “de religião afro descendente”, estudou no “Distrito Federal no México” e foi durante a sua juventude “mestre de Kung Fu”. Ele não teve filhos de sangue como afirmou a página da prefeitura de Alvorada, foi casado durante um ano e meio com a dona Ana, que guarda muitas boas recordações de Luis Carlos, como ela se referia a ele, enquanto conversávamos para a minha pesquisa sobre o “mexicano”, outro dos seus apelidos. Para a sra. Nair Duarte, Solim foi simplesmente um “grande ser!” que era “comprometido com as comunidades alvoradenses”.

          A “nota de pesar” não foi justa com a sua História de vida. Não citou que Solim participou dos encontros para a apreciação do Projeto de Lei do Conselho Municipal do Povo de Terreiro de Alvorada. Não mencionou sua decisiva atividade na ocupação do lugar aonde hoje é o bairro Umbú. Não lembrou que, jovem e deficiente físico, ensinava mesmo usando muletas, artes marciais para moradores pobres sem fins lucrativos, socializando sabedoria e disciplina a crianças e adolescentes que, caso contrário, iriam continuar na criminalidade. Nem falou sobre a politização dos jovens que ensejou ao estimular a sua participação partidária no município.

          A importância em pesquisar e trazer a tona a História de Luis Carlos Solim está em superar o senso comum, que coloca todo político como “mentiroso” e “falcatrua”. Quando Solim poderia ter optado por viver no luxo, no México, aonde viveu dos 4 aos 17 anos. Mas preferiu viver em Porto Alegre e em Alvorada, enfrentando dificuldades como viver em situação de rua, e depois por quase todos os bairros de Alvorada, em casas alugadas. Quando foi candidato, recebeu pouco mais de uma centena de votos. Ou, podemos através da reflexão sobre essa História, duvidar que todas as religiões sejam (sempre) alienantes. Pois Solim sempre foi essencialmente um religioso, voraz pela prática e pelo conhecimento sobre todos os sistemas de crenças. Encontrando uma preferência, ao final de sua existência corpórea, pelos ritos de matriz africana.

          Alvorada tem o seu livro sobre a sua História, chamado “Raízes de Alvorada”. Um livro “de verdade”, pois “pára de pé”, contendo muitas páginas, mas de silêncios sobre Luis Carlos Solim. Qual será a causa deste ocultamento? Escrevi para o Jornal de Viamão, pois os jornais locais não tiveram maior interesse, e com essa citação a mim mesmo finalizo esta produção textual, como forma de homenagem a este nobre alvoradense.

          “Solim foi um pouco cigano, vivendo um pouco em Porto Alegre, um pouco no México, um pouco em Cuba, mas durante a maior parte de sua vida, em quase todos os bairros e vilas de Alvorada. Foi vítima de inúmeros preconceitos e enfrentou diversas dificuldades, sem jamais se queixar. Para saber o que significa a palavra ‘abnegação’, bastará descrever a sua vida. E, como tudo o que existe, ela foi caracterizada sempre pelos paradoxos e contradições. Porque suas ações eram sempre mediadas pela rebeldia e originalidade. 

          Foi um professor de artes marciais, principalmente Kung Fu e militante político, migrando do trabalhismo do PDT para o comunismo do PCB. Velho conhecido de Solim, André Santos referiu-se a ele da seguinte forma pelo facebook em mensagem privada: ‘Foi uma pessoa incrível! Com forte atuação política, social e religiosa, conseguia atuar num sincretismo religioso sem precedentes. Acompanhei a fase budista ,taoista e um pouco da última fase no candomblé’. Poucos sabem a totalidade da História do pai de santo Solim, que criou o Centro Esotérico Universal, religião ecumênica para além de apenas o cristianismo, que foi um dos seus meios para militar e mudar a vida de pessoas, de Alvorada, na América Latina.

Participe dessa História, entre em contato caso tenhas informações sobre Luis Carlos Solim!