Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS
A inércia é sua, a conta é nossa
Iniciando a leitura da obra “Os
Bestializados” de José Murilo de Carvalho, na introdução
visualizo uma frase que instantaneamente me faz pensar o momento que
estamos vivendo em termos políticos no Brasil.
“Todo
sistema de dominação, para sobreviver, terá de desenvolver uma
base qualquer de legitimidade, ainda que seja a apatia dos cidadãos.”
(José
Murilo de Carvalho)
Essa
frase é mais do que emblemática para o texto que produzo e começo
a compartilhar com o leitor, ela é o próprio reflexo da inércia
que engloba enorme parte da população brasileira frente a
desfaçatez de um governo federal golpista e autodestrutivo que
começa, tal como efeito dominó, a dar sustentabilidade a governos
estaduais e municipais a seguirem um verdadeiro genocídio ao estado
(combalido) de bem estar social brasileiro.
O
livro “Os Bestializados” do Professor José Murilo de Carvalho é
uma revisita a um período histórico de longa data da cidade do Rio
de Janeiro, mas o quesito da apatia dos cidadãos, parece
extremamente atual e disseminado em todo território nacional.
Pegando
o recorte do funcionalismo público e em especial o funcionalismo
gaúcho, o que estamos vivenciando na administração do Governador
Sartori é algo que ultrapassa as barreiras do terrorismo psicológico
e da surrealidade administrativa.
Parcelamento
de salários, parcelamento do 13º salário, total sucateamento da
educação, saúde e segurança que são pilares básicos que um
estado que zela pelo cidadão deveria atender caíram por terra, já
nos primeiros meses de uma pífia administração que sem nenhuma
dúvida é a pior que o estado do RS presenciou.
Os
choques neoliberais desde os primeiros dias de governo, em momento
algum alavancaram a economia gaúcha, cuja situação ficou ainda
mais claudicante com uma administração austera (menos para Corte e
amigos do Rei) pois as metas da equipe de Sartori no sentido de
desenvolvimento, beiram a galhofa e o descrédito total.
E
diante de tudo isso uma imensa massa de funcionários que no primeiro
dia do calendário de pagamentos receberam a quantia de R$ 650,00
tendo que escolher se pagam a conta de luz ou de água, pois essas
entidades fornecedoras desse serviço básico não os fornecem sem a
devida quitação, ou se compram comida, não apenas votaram nesse
governo anedótico como em um efeito digno de filme de zumbis,
comparecem aos seus locais de trabalho como se nada estivesse
acontecendo e o que é pior, sequer cogitam a possibilidade de
declararem um estado de greve, muitas vezes atacando seus colegas que
lutam por si e por eles.
Esse
estado de inércia, com boas leituras pode ser desvendado, pois ao
longo da história brasileira ele se repete com certa frequência.
E
desta forma a conta que muitos desinteressados e que adoram se
declarar como apolíticos cada vez aumenta o valor e infelizmente na
hora de ser paga cobra a todos nós, independentes de constantemente
lutar por dias melhores.