sábado, 6 de março de 2021

O Navio sem comandante perdido em águas turvas

 

Daniel da Luz Machado

Bacharel em Administração  -  Faculdade São Judas Tadeu

Bacharelando em Ciências Sociais - UFRGS


O caos sociopolítico em que estamos inseridos como Nação, ultrapassa qualquer expectativa criativa de um escritor de distopias.

Mergulhamos em um abismo que parece não ter mais fim. Economia claudicante, absurdamente concentrada em pouquíssimas mãos, elementos de teocracia associados a um extremismo de direita que coraria os principais déspotas da história universal, uma parte considerável de uma população insana que exala ódio por todos os poros e se orgulha de cultuar sua burrice e ignorância e um vírus fatal que dilacera vidas ao redor do mundo destruindo famílias, sonhos e que poda de forma abrupta o que estaria por vir.

No restante do mundo, mesmo que algumas nuances capitalistas insistam em valorizar o ter e não o ser humano, os líderes dessas nações ao menos tentam conter a devastação e procuram agir como estadistas.

Conosco a bizarrice nos explicita uma espécie de “Nero” que quer colocar fogo em tudo e que lunaticamente recebe apoio e ovações aos seus desequilíbrios psicossomáticos que de forma bastante incisiva os faz corresponsável por cada brasileiro que perdeu a batalha para o COVID-19.

Ao assumir uma postura negacionista, ao dar declarações sobre temas que não tem o menor conhecimento técnico, ao provocar aglomerações, ao demonstrar zero empatia com os que enterraram os seus familiares, ou que só estão esperando a comunicação hospitalar do óbito de seu familiar, a figura nefasta que comanda o poder executivo do nosso País me transmite uma figura metafórica de que estamos em um imenso navio que adentrou em águas perigosas e violentas e que ao procurarmos a figura do comandante da embarcação, nos deparamos com o vazio provocado pela inépcia daquele que deveria orientar os marinheiros e tranquilizar tripulação civil de que estamos em uma situação delicada, mas que não serão medidos esforços para contornar os problemas, ou seja precisamos de transparência, mas acima de tudo palavras de alento.

Ao contrário disso o nosso presidente dança na cara da sociedade, exponencializa o mantra da “corrupção” que agora a classe média inerte parece não querer mais recitar ao ver fortunas geradas por uma simples loja de chocolates, ou dos esquemas de rachadinhas salariais. A música eternizada por Tim Maia se atualiza e cristaliza na mente e ações dos “homens de bem” . “Vale tudo, vale tudo, (mas ainda continua não valendo dançar homem com homem e nem mulher com mulher) pois isso é um atentado a família tradicional brasileira .

Enfim o (Des)governo brasileiro nos joga nesse imenso navio que está prestes a ser engolido por águas violentas. O Comandante? Ah! Esse já está se preparando para tomar os botes para si, sua família e uma parte de incautos puxa sacos que o cercam. E para impedir que os sóbrios tomem o comando e salve a todos, parte da tripulação civil formada de gado puro não medirá esforços para obstaculizar.