domingo, 12 de maio de 2024

A hora é da solidariedade, mas não podemos nos desviar da verdade

 



Poeta, Contista & Cronista Social










        Diante dessa catástrofe climática que destruiu a vida, os sonhos e as estruturas de milhares de gaúchos, confesso que pensei muito em propor uma reflexão sobre o que vivenciamos um pouco mais adiante.

            A sociedade civil se mobilizou, os agentes públicos se mobilizaram e as manifestações solidárias e toda a labuta que as envolvem se tornaram pujantes nesse triste cotidiano. Cada um da sua maneira, ainda que não todos, têm se envolvido na ajuda e socorro as vítimas desse desastre profundo e marcante, muitos estão na linha de frente, outros mobilizaram-se com doações materiais ou dos seus tempos diante dos abrigos que acolhem inúmeras pessoas destituídas do seu chão pelas forças das águas, outros receberam em suas casas familiares e/ou amigos, enfim quase ninguém ficou indiferente a essa tragédia que assolou o estado do RS. Desde grandes celebridades a figuras anônimas tomaram o protagonismo das ações que precisavam ser executadas nesse primeiro momento.

            Porém não podemos deixar de elencar determinados pressupostos que não podem tomar o viés das fake news ou de simplesmente condicionar ao elemento “natureza” ou as vitimas a culpa dos infortúnios que presenciamos.

        O Governador do estado, o prefeito da capital e outros tantos políticos espalhados pelos municípios gaúchos e muitos dos seus eleitores que até estão ajudando são adeptos do privatismo  indiscriminado, do estado diminuído, do negacionismo científico, da ausência de políticas públicas e acima de tudo de consciência ambiental.

            Não é preciso ser expert para entender que as mudanças climáticas estão ai a nossa porta, e que não baterão para entrarem nas nossas salas. O mínimo que se espera de gestores públicos é que tenham a responsabilidade de governarem para todos e não apenas para o capital privado e os especuladores imobiliários, que só faltam construir dentro do mar na sua fúria por lucros e riquezas.                                                                                     

            O capital especulativo está ai e certamente seus detentores moram bem longe das áreas afetadas e mesmo que perdesse algum bem material, como sempre fazem conseguirão se reorganizar sem as mazelas que assolam os cidadãos normais.

           A enxurrada de fake news, a entrevista do prefeito do Porto Alegre em rede nacional transferindo a culpa para a natureza e para as vítimas, não pode nos passar despercebidas e sem sofrerem contestações.

            Me somo aos muitos que procuram ajudar de uma forma ou  outra, gostaria de poder mais até, porém não posso me calar e deixar de compartilhar essa reflexão, caso contrário a natureza continuará pagando o pato pelas perdas enquanto os poderosos lucram com suas “ações”, mercadologicamente falando e alguns representantes públicos seguem financiando os seus “reinados” a custa dos que cotidianamente perdem.