Poeta, Contista & Cronista Social
Diante
dessa catástrofe climática que destruiu a vida, os sonhos e as estruturas de
milhares de gaúchos, confesso que pensei muito em propor uma reflexão sobre o
que vivenciamos um pouco mais adiante.
A sociedade civil se mobilizou, os
agentes públicos se mobilizaram e as manifestações solidárias e toda a labuta
que as envolvem se tornaram pujantes nesse triste cotidiano. Cada um da sua
maneira, ainda que não todos, têm se envolvido na ajuda e socorro as vítimas
desse desastre profundo e marcante, muitos estão na linha de frente, outros
mobilizaram-se com doações materiais ou dos seus tempos diante dos abrigos que
acolhem inúmeras pessoas destituídas do seu chão pelas forças das águas, outros
receberam em suas casas familiares e/ou amigos, enfim quase ninguém ficou
indiferente a essa tragédia que assolou o estado do RS. Desde grandes
celebridades a figuras anônimas tomaram o protagonismo das ações que precisavam
ser executadas nesse primeiro momento.
Porém não podemos deixar de elencar
determinados pressupostos que não podem tomar o viés das fake news ou de
simplesmente condicionar ao elemento “natureza” ou as vitimas a culpa dos
infortúnios que presenciamos.
O Governador do estado, o prefeito
da capital e outros tantos políticos espalhados pelos municípios gaúchos e
muitos dos seus eleitores que até estão ajudando são adeptos do privatismo indiscriminado, do estado diminuído, do
negacionismo científico, da ausência de políticas públicas e acima de tudo de
consciência ambiental.
Não é preciso ser expert para entender que as mudanças climáticas estão ai a nossa porta, e que não baterão para entrarem nas nossas salas. O mínimo que se espera de gestores públicos é que tenham a responsabilidade de governarem para todos e não apenas para o capital privado e os especuladores imobiliários, que só faltam construir dentro do mar na sua fúria por lucros e riquezas.
O capital especulativo está ai e
certamente seus detentores moram bem longe das áreas afetadas e mesmo que
perdesse algum bem material, como sempre fazem conseguirão se reorganizar sem
as mazelas que assolam os cidadãos normais.
A enxurrada de fake news, a
entrevista do prefeito do Porto Alegre em rede nacional transferindo a culpa para
a natureza e para as vítimas, não pode nos passar despercebidas e sem sofrerem
contestações.
Me somo aos muitos que procuram
ajudar de uma forma ou outra, gostaria
de poder mais até, porém não posso me calar e deixar de compartilhar essa
reflexão, caso contrário a natureza continuará pagando o pato pelas perdas
enquanto os poderosos lucram com suas “ações”, mercadologicamente falando e
alguns representantes públicos seguem financiando os seus “reinados” a custa
dos que cotidianamente perdem.