terça-feira, 28 de outubro de 2025

Comemoração que exige reflexão

 




Poeta, Contista & Cronista Social






        Comemorar sempre é algo salutar nas nossas relações sociais e também em nosso âmbito individual, festejar, celebrar conquistas é algo perfeitamente normal e que na medida do possível poderia vir acompanhada de uma reflexão sobre a trajetória desdobrada para atingir determinado resultado.

            Existe um ditado popular que afirma que quem não sabe o porquê  ganha, não saberá o porquê perde. Partindo desse adágio reflito sobre o dia do servidor público comemorado nesse   28 de outubro. Reflito enquanto membro de uma coletividade que constantemente recorre aos serviços públicos, enquanto bacharel em ciências sociais e acima de tudo enquanto servidor público de ofício.

        Nesse país continental, chamado Brasil, com tanta concentração de renda é a massificação do discurso neoliberal que perpassa em todas as classes sociais, na tentativa de demonizar o “Estado” e por consequência o serviço e o servidor público se  faz necessário que nesta data comemorativa se reflita de qual serviço público estamos falando e idealizando.

           Há evidentemente como qualquer âmbito organizacional, setores do serviço público que recebem vantagens e valorizações que destoam de boa parte da sociedade, mas é importante ressaltar que a ocupação dessas instâncias, na sua maioria das vezes, são ocupados  por integrantes de uma classe média alta/média e que nos conceitos de Campo, Habitus e Capital de Pierre Bourdieu amplia o seu acesso e se legitima nos melhores postos. Porém a grande maioria dos servidores públicos em nosso país, além de não gozarem de prestigio e respeito social, são inadequadamente remunerados,  trabalham com estruturas precárias e mesmo assim realizam suas atividades com esmero. 

          O que vemos atualmente em nosso país é um avanço de um neoliberalismo excludente que tem como bandeira a diminuição do estado com a precarização do serviço público e isso projeta nos usuários dessa atividade uma pseuda impressão de que o público não presta e de que o seu servidor não é competitivo e compromissado e que busca em vantagens como estabilidade o amparo para não prestar um serviço de qualidade. Ledo e lamentável engano avaliativo.

            É necessário que pensemos  a quem serve a falácia neoliberal?

         O Sociólogo e Professor Jessé Souza em algumas de suas obras sempre alerta contra essa tentativa de macular o servidor público com o discurso da ineficiência ou da corrupção, mas que nega-se os grandes parasitas capitalistas que corrompem, ou dificultam o trabalho público visando seus interesses pessoais.

           Reflitamos todos nós. Os usuários do serviço público e os servidores públicos, principalmente os que não estão nos primeiros escalões, sobre a necessidade de um serviço público forte e de qualidade que possa atender a toda população e não nos limitemos a aproveitar o feriado sem essa reflexão.

            Em tempos: A mão livre do mercado tem um único lado a defender e para esse lado regulará. E nós não estamos desse lado.

            Parabéns a todos os servidores públicos.