Poeta, Contista & Cronista Social
Comemorar
sempre é algo salutar nas nossas relações sociais e também em nosso âmbito
individual, festejar, celebrar conquistas é algo perfeitamente normal e que na
medida do possível poderia vir acompanhada de uma reflexão sobre a trajetória
desdobrada para atingir determinado resultado.
Existe um ditado popular que afirma
que quem não sabe o porquê ganha, não
saberá o porquê perde. Partindo desse adágio reflito sobre o dia do servidor
público comemorado nesse 28 de outubro. Reflito enquanto membro de uma
coletividade que constantemente recorre aos serviços públicos, enquanto
bacharel em ciências sociais e acima de tudo enquanto servidor público de
ofício.
Nesse país continental, chamado
Brasil, com tanta concentração de renda é a massificação do discurso neoliberal
que perpassa em todas as classes sociais, na tentativa de demonizar o “Estado”
e por consequência o serviço e o servidor público se faz necessário que nesta data comemorativa se
reflita de qual serviço público estamos falando e idealizando.
Há evidentemente como qualquer âmbito organizacional, setores do serviço público que recebem vantagens e valorizações que destoam de boa parte da sociedade, mas é importante ressaltar que a ocupação dessas instâncias, na sua maioria das vezes, são ocupados por integrantes de uma classe média alta/média e que nos conceitos de Campo, Habitus e Capital de Pierre Bourdieu amplia o seu acesso e se legitima nos melhores postos. Porém a grande maioria dos servidores públicos em nosso país, além de não gozarem de prestigio e respeito social, são inadequadamente remunerados, trabalham com estruturas precárias e mesmo assim realizam suas atividades com esmero.
O que vemos atualmente em nosso país
é um avanço de um neoliberalismo excludente que tem como bandeira a diminuição
do estado com a precarização do serviço público e isso projeta nos usuários
dessa atividade uma pseuda impressão de que o público não presta e de que o seu
servidor não é competitivo e compromissado e que busca em vantagens como
estabilidade o amparo para não prestar um serviço de qualidade. Ledo e
lamentável engano avaliativo.
É necessário que pensemos a quem serve a falácia neoliberal?
O Sociólogo e Professor Jessé Souza
em algumas de suas obras sempre alerta contra essa tentativa de macular o
servidor público com o discurso da ineficiência ou da corrupção, mas que
nega-se os grandes parasitas capitalistas que corrompem, ou dificultam o
trabalho público visando seus interesses pessoais.
Reflitamos todos nós. Os usuários do
serviço público e os servidores públicos, principalmente os que não estão nos
primeiros escalões, sobre a necessidade de um serviço público forte e de
qualidade que possa atender a toda população e não nos limitemos a aproveitar o
feriado sem essa reflexão.
Em tempos: A mão livre do mercado
tem um único lado a defender e para esse lado regulará. E nós não estamos desse
lado.
Parabéns a todos os servidores
públicos.

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