Os sucessivos golpes contra o
funcionalismo público e por via de regra contra a sociedade gaúcha.
A lei de diretrizes
orçamentárias para o ano de 2017 foi
votada no dia 28 de junho pela Assembleia Legislativa do RS
mantendo a limitação de despesas em todas as áreas do Estado. Para
muitas pessoas essa notícia pode até passar despercebida e talvez elas sigam
sorrindo alheias em seus serviços, ou em suas casas, tudo isso, porque
erroneamente estamos mergulhados em uma cultura umbilical, onde não costumamos
raciocinar a respeito da interseccionalidade dos atos em uma sociedade.
O Governo Federal, e mais
precisamente, o Governo Regional estão implementando uma dura política
neoliberal e vão, além disso, não apenas se restringirem a uma questão conceitual
de política, mas suas atitudes claramente tem um propósito de desacreditar
ainda mais o funcionalismo público ou parte dele já que os oriundos do poder
judiciário se locupletam com altos
salários e todas as reposições por perdas inflacionárias, mas explicando
isso basta ver que o acesso a estes segmentos do setor público na maioria das
vezes são preenchidos por pessoas oriundas das classes médias altas e também
pelo efeito cascata que o mar de regalias dos magistrados acaba proporcionando.
Servidores públicos do executivo (Os
comuns), como educadores, profissionais da segurança pública e outros terão
mais uma vez que pagar a conta tendo seus vencimentos congelados por mais um
ano e o que é pior sem reposição inflacionária, a custo de permitir que o
estado volte a crescer e possa investir.
Essa postura
me remete ao nefasto período militar onde o Ex-Ministro Delfim Neto pregava que
o bolo deveria crescer para depois ser repartido. Há quase 30 anos os militares
se foram (GRAÇAS A DEUS!!!) e eu ainda não vi a minha parte do bolo e creio que
a maioria da população brasileira também.
O
que a população precisa refletir é que o desmonte do funcionalismo público
promovido pelos Governos Federal e Regional não prejudica apenas aos servidores
e seus familiares, e sim prejudica a sociedade como um todo, pois é o próprio
cidadão que ficará sem receber um trabalho de qualidade independente dos
inúmeros impostos que venha a pagar.
Também
como fonte de análise do sucateamento do funcionalismo público a incidência
sobre o mercado interno não pode ser desconsiderada, utilizando um exemplo
pessoal e bem básico, embora não costume utilizar exemplos pessoais, pois como
pesquisador uma certa dose de abstração para uma melhor leitura do contexto analisado
é salutar, mas vejamos: Pretendia comprar uma motocicleta para percursos
menores e me sentir mais a vontade nos escaldantes dias de verão no RS, caso
adquirisse a moto teria que pagar aos cofres públicos dois IPVAs, seria um
segundo meio de transporte onde consumiria mais combustível e por via de regra
pagaria mais ICMS, teria assim dois veículos para manutenção. Com o total
descrédito que tenho em uma Assembleia Legislativa que na sua maioria só pensa
em si própria e com um Governador que parcela salários e sequer se dispõe a
conversar sobre reajustes, preferi ficar apenas com o veículo que possuo. Esse
exemplo micro e pessoal dá uma ideia de quanto consumo pode ser freado,
deixando de fazer a moeda circular e o estado arrecadar fomentando a economia interna.
O que os poderosos
defendem em termos de reaquecimento econômico diz respeito somente aos seus
negócios e não a população em geral. Querem pseudamente cortar despesas cortando a carne do
funcionário público e jogando-o contra o resto da população que cada vez recebe
menos saúde, segurança, transporte, educação e qualquer outro serviço público
de qualidade.
Esse
mecanismo maquiavélico de desacreditar o funcionalismo reforça o senso comum
que volta e meia nos brinda com atrocidades, como por exemplo, votar para
Governador em um sujeito que na sua vida parlamentar nunca esteve ao lado dos
interesses da maioria do povo ou simplesmente eleger em larga escala uma
Assembleia Legislativa comprometida com os grandes empresários e grandes Ruralistas,
cujo os olhos apenas brilham para o agronegócio, do qual eles mesmos são
grandes sócios ou proprietários exclusivos.
Em
um periódico da capital, vi uma foto de alguns nobres parlamentares comemorando
aos sorrisos a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2017 o que
tristemente me deixou pensando: Em outros tempos eles simulariam um certo pesar
por tomarem uma medida tão amarga, hoje eles riem abertamente e não se
constrangem nem um pouco de parasitarem e repassarem a conta para o resto da
sociedade.