O
triste e mau avanço dos “homens de bem”
Na
última sexta feira de janeiro pela manhã enquanto abastecia o carro
para me deslocar ao trabalho, conversava com o atendente do posto de
combustíveis que fica na esquina da minha rua. O rapaz me narrava
que constantemente veículos que descem a minha rua, simplesmente
para não aguardarem na sinaleira, adentram as dependências do
posto, às vezes em velocidades inadequadas, colocando em risco
vidas, e o que é pior ofendem com gestos os funcionários que
sinalizam contra esse absurdo.
O
triplo homicídio protagonizado por um sujeito, que segundo alguns
relatos jornalísticos, em suas redes sociais enfatizava esse
comportamento típico do “homem de bem”, os constantes relatos de
profissionais que acham normal desconfiar de determinadas pessoas em
razão a sua etnia, o velho discurso de “Bandido bom é Bandido
morto, se está com pena leva para casa”, “Quem mandou sair com
essa roupa estava pedindo...” (Pedindo o quê cara pálida?) Enfim
uma série de chavões formatadas por mentes que transcendem a
limitação intelectual e se autodefinem como guardiãs de uma moral
que na maioria das vezes se solidifica na hipocrisia.
A
velha dicotomia da pergunta: Quem veio primeiro o ovo ou a galinha?
Parece se transpor para análise cotidiana de grande parte da
sociedade brasileira. Somos uma sociedade em grande parte doente e
revestida desse pseudo título “Homens de bem” e por isso
elegemos a presidência da república um sujeito sem o menor preparo
humano e intelectual? Ou a eleição desse indivíduo e todas
anomalias que o cercam, legitimaram e ampliaram a explicitação dos
“Homens de bem” a ponto de ampliarmos nossos temores em função
de nossa etnia, nosso gênero , nossa condição social, nossas
escolhas religiosas, políticas, ou de quem damos a mão no espaço
urbano?
O
avanço dos “Homens de bem” na prática se tornam inversamente
proporcionais a “Bondade”, a qual esperávamos que com o
desenvolvimento da humanidade pudesse se sobressair. O que
infelizmente vemos é um aumento das intolerâncias, uma explicitação
das monstruosidades, outrora ocultas, e agora referendadas por alguns
políticos descompromissados com a vida e que impulsionam com suas
bizarras manifestações essa sensação de tudo é permitido: BASTA
SER UM HOMEM DE BEM.
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