quinta-feira, 29 de abril de 2021

A Necropolitica e a queda da máscara

 


Daniel Machado

Poeta & Cronista Social



A direita brasileira sonhou com uma ruptura geral com a alternância de governos. Sempre esteve alojada em grande vulto nos poderes legislativos e judiciários espalhados no território nacional, mas mesmo assim, certamente ajudada por uma postura eleitoral personalista que caracteriza grande parte dos eleitores brasileiros que costumeiramente procuram atribuir ao chefe do poder executivo a premissa de resolver todos os problemas da nação, como se a política fosse algo simplista e guiado pela primeira pessoa do singular.

O ser que chefia essa nação possui um gigantesco know how na arte da invisibilidade, de voar fora dos radares e se locupletar com pequenas falhas estruturais do nosso sistema de governo. Ele é um velho praticante da mais antiga e putrefata arte do toma lá da cá. Como se não bastasse a figura do nosso mandatário é simplesmente o espelho de uma parcela da população, não tão pequena, como ufanicamente parte da esquerda insistia em analisar.

Muitas vezes alguns setores progressistas acreditavam que quando o “Mito” começasse a trocar os pés pelas mãos e o seu (Des)governo levasse a maioria do País para o abismo, ocorreria um despertar e arrependimento em massa naqueles que sujaram as urnas com o número “17”.

Ledo engano!!!

Para aumentar nossa infelicidade, uma pandemia avassaladora atingiu o planeta, e adivinhe qual o País se tornou Pária perante o resto do mundo e Epicentro da crise sanitária? O BRASIL PÁTRIA AMADA, aquele do jargão “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. O “Mito” não é um fenômeno de popularidade, ele é a própria representação comungada dessa parcela da população. Ele acima de tudo é um deles.

Essa premissa de Bolsonaro ser a reprodução do nosso tio reacionário, do nosso primo homofóbico, do nosso vizinho que só é contra a corrupção enquanto não for favorecido por ela e na véspera de um novo pleito eleitoral é o que mais tem assustado os setores dessa direita “mais palatável”, essa que te mata, mas manda flores ao velório.

A atitude do Governador Gaúcho respaldada pelo Prefeito da Capital de forçar a volta das aulas presenciais nesse caos que estamos enfrentando e próximo das quedas de temperatura, nada mais é do que o interesse em jogar para os seus eleitores e estancar a perda desses para os partidos extremistas de direita.

A Direita tradicional precisava de um Dragão feroz e cuspidor de fogo para manter a resistência acuada. Bolsonaro foi a cortina de fumaça perfeita. Seu autoritarismo, sua falta de educação, falta de capacidade sequer para dar comida as Emas do planalto, sua família destrutiva e em eterna simbiose com tudo que é ilícito deixaram a porteira aberta para que a boiada passasse.

Na carona do fenômeno do “Mito”, Religiosos picaretas, Homens de bem e defensores da família, Capachos do Agronegócio e outras criaturas desqualificadas povoaram as casas legislativas e levaram a euforia essa parcela da população que realmente não presta e não vai mudar o seu perfil.

O Governo do RS de olho no palanque faz a matemática simples da velha direita. Uma parcela ele jamais atingirá que são os eleitores de esquerda, sua luta é pelos descontentes, indecisos e tentar estancar a perda de votos que irão para os extremistas da direita que no seu mantra bovino acusam de comunismo tudo que não endossa a sua estupidez.

É! Pelo jeito o Governador aprendeu bem a lição, mas esqueceu que “lição” remete a escola e nas nossas escolas públicas certamente alguns de seus funcionários , professores e alunos darão baixa do cpf, mas para quem deve apreciar a leitura do “Príncipe de Maquiavel” os fins justificam os meios.

Em tempo o Presidente tira foto ironizando a baixa de cpf, eu não me surpreendo que a direita que surfou na carona de Bolsonaro repetisse a mesma cena.

Caiu a máscara!!!






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