Poeta, Contista & Cronista Social
Integro uma parcela da população que
não acredita em um país pleno e desenvolvido que não invista em uma educação
forte e consistente.
O histórico de colônia dilapidada a
país “livre” transpassado por uma política monetária e científica atrelada a
nações que ditavam e ainda ditam as regras do jogo internacional, o modelo
ainda agroexportador, e o consumo persistente de inovações “não tão novas
assim” que abastecem com “delay” as demandas tupiniquins da nossa classe média,
ainda são forças atuantes e ditam uma série de nuances que nos atrelam a esse
estado de desigualdade assustadora na nossa sociedade.
A história da educação brasileira,
sempre foi marcada pela luta de quem se faz resistência e tenta estimular uma
educação plena, crítica, universal e atuante e que possa qualificar e acima de
tudo estar à disposição de todos os cidadãos brasileiros.
Uma educação que proponha a
criticidade, sempre foi amplamente combatida por aqueles que tentam manter o
establishment, afinal estar no poder necessita o conservadorismo de não
mudarmos determinados paradigmas e respeitarmos a pluralidade da sociedade
brasileira. Até agora esse conflito de ideias vem sendo vencido pelos setores
conservadores, que já tiveram ferramentas como o golpe institucional contra a
democracia que foi o regime militar que desmantelou e perseguiu grandes
educadores fundamentais para uma educação libertadora e que agora se manifestam
com muitos parlamentares espalhados pelo país levando adiante uma pauta que
corrobora para uma educação tecnicista que só visa abastecer o mercado de
trabalho.
Mundo a fora essa massa formada
distante dos elementos da criticidade, contribui diretamente para esse avanço
global da extrema direita que está levando o planeta a banca rota, pois uma
educação que não estimula o senso crítico, produz geralmente dois tipos de
cidadãos extremamente convenientes para que as coisas não evoluam e se
democratizem beneficiando a coletividade.
Produz o indivíduo egoísta,
imediatista, reprodutor da cantilena meritocrática neoliberal e conservador de
costumes e um outro tipo que inocentemente contribui para mesmice que
privilegia os poderosos. Esse outro cidadão é o “outsider do sistema”, aquele
que se nega a dialogar, refletir, tem raiva de qualquer proposta reflexiva,
acha que os caminhos da sociedade não lhe dizem respeito ignorando por total a
força do coletivo, e que se entrega a falsas simetrias com uma ingenuidade
assustadora.
Obviamente dentro dos setores
progressistas, devemos ter a autocrítica de que falhamos e não conseguimos
conversar e atrair a reflexão desse grupo que não tem intenções ruins, mas que
apenas pela falta de estímulo adotou uma postura mais inerte e defensiva, mas
que na verdade prejudica a si mesmo.
Se quisermos uma mudança de médio a
longo prazo precisamos de estratégias para criarmos pontes com esse grupo que a
falta de uma educação crítica colocou nesse papel de “isenção”, “apolítico” e
que contribuem para que as coisas continuem como estão, ainda que não percebam.