quarta-feira, 6 de março de 2024

Os paradoxos de quem deveria educar

 


Poeta, Contista & Cronista Social







          Partindo de uma das premissas do significado do verbo “educar”, que é o ato de instruir e preparar o cidadão para vida, retomo uma discussão muito pertinente e salutar em relação a este ato, que é o fato de mantermos uma educação conectada com a realidade.

          Há em nosso país uma série de temáticas estruturais que precisam ser debatidas, mesmo que alguns educadores adeptos de uma escola “sem partido” façam vistas grossas e acreditem que determinados temas envermelham as suas bandeiras dando guarida ao famigerado “comunismo”.

          Na esfera de uma escola, que deveria ser um espaço democrático, de inclusão e de trabalhar a diversidade, repetir ainda que, simbolicamente a distopia de Ray Bradbury o famoso Fahrenheit 451 não me parece ser o mais salutar e aconselhável.

          O caso da Diretora que solicitou a retirada do premiado livro “O avesso da pele” de Jeferson Tenório me suscita alguns questionamentos em relação a sua atitude como gestora escolar.

          Primeiramente, como se não bastassem as premiações da obra literária, suas traduções para outros idiomas, um livro para ser adotado como objeto de trabalho em uma escola, passa por instâncias educacionais superiores ao ponto hierárquico que a Diretora ocupa, é discutido por profissionais de notório saber sobre a adequação da obra e a faixa etária que será destinada e mesmo assim para que a escola o adote, em um determinado momento a diretora terá que assinar (de preferência lendo o que assina) e caso o seu ponto de vista pessoal em relação a obra (se é que leu) discorde da qualidade do livro, em uma discussão democrática promovida em alguma atividade que se leia o livro, poderá sugerir a leitura de algo que também ache pertinente.

          Porém depois que assinou (me parece que sem ler) tomar uma iniciativa arbitrária e deselegante em relação ao livro, pode me ensejar a pensar em racismo estrutural, mas aí já é pedir demais.

          Afinal quem costuma assinar sem ler, ainda que a burocracia do cargo seja extensa, não me parece conhecer ou querer discutir esse conceito estrutural.

          Enfim! Não estou afirmando nada, mas elucubrando diante desse paradoxo de quem deveria educar.

         


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