Poeta, Contista & Cronista Social
No
dia 11 de dezembro de 2024 foi aprovado o projeto de lei 124/16 do “ilustre”
ex-vereador Valter Nagelstein que foi resgatado na câmara de vereadores de
Porto Alegre. Esse projeto trata-se da famosa “Escola sem partido” ,aliás que
ao pregar uma pretensa neutralidade, apenas contribui para apatia, amorfia e
incentiva a falta de senso crítico e perspectiva de reflexão.
Em uma sociedade plural, diferentes
perspectivas ideológicas se apresentam para domínio e escolha das pessoas pelos
argumentos que lhe expliquem o establishment e essa pluralidade é extremamente
salutar. Posso não concordar com tendências conservadoras, mas lhes atribuo o
direito democrático de exporem seus conceitos e quem concordar e pretender
praticar, que essa mesma liberdade garanta esse direito.
O que estamos vivenciando ao longo do
planeta pelos movimentos de extrema direita não é de forma alguma a propagação
de suas ideias, mas sim a imposição das mesmas destruindo tudo que discordar de
suas premissas tão frágeis quanto castelos de areia na beira do mar e que
talvez por isso precisem de um protecionismo irritante e desleal para terem
alguma repercussão.
Na nossa república do pampa do
atraso e do sapatênis a pseudo idéia de
que professores “esquerdistas e comunistas” cooptam nossa indefesa juventude se
espalha mais do que palavras ao vento.
Aos leitores deste texto e aos “Edis”
que aprovaram o projeto deixo as seguintes indagações:
Em uma aula de história se abordarmos
o extermínio dos povos originários pelos invasores europeus estaremos
cooptando?
Se nessa mesma disciplina ao
abordarmos a diáspora forçada de grande parte da população negra do continente
africano por uma escravidão mercantil, desumana estaremos cooptando?
Se discorrermos sobre a ação que os
Belgas fizeram na África, que os Nazistas fizeram com os Judeus e que agora os
Israelenses fazem em Gaza é a prática deplorável do extermínio estaremos
doutrinando?
Estaremos doutrinando em uma aula de
Geografia se falarmos dos perigos da erosão, da monocultura, do uso de
combustíveis fósseis ao invés de outras fontes de energia menos danosa ao meio
ambiente?
Será doutrinação explicar que as
mudanças climáticas e o esgotamento da sustentabilidade do planeta estão ligados
ao modelo econômico de produção que vivemos na maioria dos países?
Será doutrinação falar que não há
perspectiva de avanços sem reforma agrária, reforma tributária e justiça
social?
Os professores estarão doutrinando quando falarem dos malefícios do machismo estrutural, do racismo estrutural e do aumento galopante do feminicídio?
Em tempos a extrema direita não deseja
neutralidade, o que ela quer é uma coletividade burra, sem criticidade, que de
preferência utilize seus celulares para tentar contatos ufológicos, que defeque
em espaços públicos quando não se sentir representada, que lamba as botas
ditatoriais de alguns militares e que se comporte tal qual o menino mimado que
se não lhe passarem a bola no futebol, ele terminará com o jogo, pois a bola é
dele e o campinho é de seus pais.
Sigamos votando em candidatos que
defendam essas pautas e veremos que Fahrenheit 451 não é apenas uma distopia. Já
está logo ali!!!
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