quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A corrida solta da burrice no paralelo 30 Fahrenheit é logo ali

 



   Poeta, Contista & Cronista Social





         No dia 11 de dezembro de 2024 foi aprovado o projeto de lei 124/16 do “ilustre” ex-vereador Valter Nagelstein que foi resgatado na câmara de vereadores de Porto Alegre. Esse projeto trata-se da famosa “Escola sem partido” ,aliás que ao pregar uma pretensa neutralidade, apenas contribui para apatia, amorfia e incentiva a falta de senso crítico e perspectiva de reflexão.

       Em uma sociedade plural, diferentes perspectivas ideológicas se apresentam para domínio e escolha das pessoas pelos argumentos que lhe expliquem o establishment e essa pluralidade é extremamente salutar. Posso não concordar com tendências conservadoras, mas lhes atribuo o direito democrático de exporem seus conceitos e quem concordar e pretender praticar, que essa mesma liberdade garanta esse direito.

          O que estamos vivenciando ao longo do planeta pelos movimentos de extrema direita não é de forma alguma a propagação de suas ideias, mas sim a imposição das mesmas destruindo tudo que discordar de suas premissas tão frágeis quanto castelos de areia na beira do mar e que talvez por isso precisem de um protecionismo irritante e desleal para terem alguma repercussão.

       Na nossa república do pampa do atraso  e do sapatênis a pseudo idéia de que professores “esquerdistas e comunistas” cooptam nossa indefesa juventude se espalha mais do que palavras ao vento.

        Aos leitores deste texto e aos “Edis” que aprovaram o projeto deixo as seguintes indagações:

        Em uma aula de história se abordarmos o extermínio dos povos originários pelos invasores europeus estaremos cooptando?

         Se nessa mesma disciplina ao abordarmos a diáspora forçada de grande parte da população negra do continente africano por uma escravidão mercantil, desumana estaremos cooptando?

         Se discorrermos sobre a ação que os Belgas fizeram na África, que os Nazistas fizeram com os Judeus e que agora os Israelenses fazem em Gaza é a prática deplorável do extermínio estaremos doutrinando?

          Estaremos doutrinando em uma aula de Geografia se falarmos dos perigos da erosão, da monocultura, do uso de combustíveis fósseis ao invés de outras fontes de energia menos danosa ao meio ambiente?

      Será doutrinação explicar que as mudanças climáticas e o esgotamento da sustentabilidade do planeta estão ligados ao modelo econômico de produção que vivemos na maioria dos países?

          Será doutrinação falar que não há perspectiva de avanços sem reforma agrária, reforma tributária e justiça social?

          Os professores estarão doutrinando quando falarem dos malefícios do machismo estrutural, do racismo estrutural e do aumento galopante do feminicídio?

         Em tempos a extrema direita não deseja neutralidade, o que ela quer é uma coletividade burra, sem criticidade, que de preferência utilize seus celulares para tentar contatos ufológicos, que defeque em espaços públicos quando não se sentir representada, que lamba as botas ditatoriais de alguns militares e que se comporte tal qual o menino mimado que se não lhe passarem a bola no futebol, ele terminará com o jogo, pois a bola é dele e o campinho é de seus pais.

          Sigamos votando em candidatos que defendam essas pautas e veremos que Fahrenheit 451 não é apenas uma distopia. Já está logo ali!!!

 


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