Ouvimos com atenção ou interpretar tornou-se um fardo
difícil demais para nós na atualidade?
Quem de nós não suscitou uma
discussão, simplesmente por um equívoco interpretativo? Quem de nós não passou
a antipatizar com o colega de trabalho, o colega de aula ou o vizinho por que
as ideias não convergiram para o mesmo mote? Aquele
que não vivenciou essa dinâmica que atire a primeira pedra.
Estamos vivenciando um momento onde os
nossos ânimos parecem sempre à beira de entrar em colapso, seja no trânsito, no
trabalho, na faculdade ou em casa com nossos familiares. Um
dia desses presenciei uma discussão acalorada em uma disciplina na faculdade
que a meu ver iniciou-se mais por um erro de interpretação em uma das falas do
interlocutor o que gerou uma acirrada
disputa de ideias e até causou-se um certo constrangimento aos colegas de
classe. Enfim, longe
de tomar partido na contenda instalada, fiquei refletindo que esta premissa se
repete praticamente em tudo e que muitas vezes se simplesmente ouvíssemos com
atenção evitaríamos desgastes necessários.Quanto
aos erros de interpretação, esses ficam a cargo de uma predisposição a
intolerância associada a um déficit de leitura que apesar de não ser levado a
sério pela maioria das pessoas , certamente em algum momento trará a sua
nefasta contribuição à tona. Ler,
ler e continuar sempre lendo não apenas amplia nosso vocabulário, como nos empodera de
conceitos e contextos a fim de que possamos aguçar nosso viés interpretativo
que servirá para diversas ocasiões em nossa vida. Uma delas, por exemplo,
evitar embates e rancores apenas por não ter entendido a mensagem recebida. Em tempos de relações líquidas e balizadas por um etnocentrismo
cada vez mais acentuado, comunicar-se bem torna-se imperioso e a base de uma
boa comunicação passa pela nossa capacidade de assimilação e real entendimento
das mensagens que recebemos das outras pessoas.Se
não ampliarmos nossa capacidade de entendimento, a intolerância que paira no ar
nos fará fecharmos a mente para boas ideias que surjam ou simplesmente nos
conferir aquele ar blasé de quem acha que sabe de tudo e não nos possibilitar a
reflexão oriunda do bom debate. Quanto
ao debate oriundo do erro interpretativo e provocador de celeumas, esse eu
apenas procuro ver e ouvir, mas sinceramente dispenso e não participo.
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