A cosmologia do protagonismo e as nuances do consumo.
Daniel da Luz Machado - Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS & Ator
Há algum tempo atrás realizei a leitura de uma
obra do Sociólogo Polonês Zygmunt Baumann chamada: Vida para consumo “A
transformação das pessoas em mercadoria”. Livro excelente, o qual indico a
leitura para todos aqueles que se interessam pelo assunto, mas também a outras
pessoas que por algum instante em suas vidas pararam para refletir a respeito
desse mundo um tanto quanto contraditório em que vivemos.
Hoje retornou
em minha mente parte das impressões da época em que fiz a leitura e julguei por
bem compartilhar novamente minhas impressões, visto que quando li pela primeira
vez a obra escrevi em um periódico da cidade de Alvorada a respeito.
No livro “Vida
para consumo”, o Sociólogo Polonês Zygmunt Baumann explicita e analisa a
transformação das pessoas em mercadorias.
Não é
necessário muita erudição, ou ter freqüência assídua nos meios acadêmicos para
pararmos por um instante e refletirmos sobre quanto o consumo comanda nossas
vidas e como nós também nos transformamos em algo a ser consumido.
Clinicas de
estéticas, academias, frases de auto-ajuda e “selfs” valorizando o melhor
ângulo freqüentando o lugar badalado
para postarmos nas mais variadas redes sociais online, enfim buscamos a
maximização de nossa imagem de uma forma condizente com os padrões instituídos
para passarmos a seguinte mensagem: Comprem-me, sou descolado, bonito, magro,
interessante, de bem com a vida, sempre freqüentando locais bacanas, os
problemas estruturais do país não me afetam, pois vim para vencer.
Há em nossa
sociedade uma luta desumana para sermos a melhor opção, como se não fosse
permitido fraquezas, dúvidas e inseguranças de todas as formas, como se não
fosse permitido ser diferente do padrão.
Enquanto isso
as pessoas ficam frente a frente cada uma com seu celular, navegando, mas nunca
conversando e exercitando o ato da partilha de pensamentos. A instantaneidade
das relações e de tudo a nossa volta é gritante a busca pelo protagonismo se
torna irreversível.
Quem caminha
em direção oposta a esta histeria improdutiva é descartado pelo grande mercado
e logo não é uma boa mercadoria,
portanto não é passível de atenção.
O Grande
Florestan Fernandes já alertava da dificuldade de ser intelectual em uma
sociedade de consumo de massa, eu humildemente e sem nenhuma pretensão ouso a
refletir e salientar que está difícil o simples ato de pensar ou ousar a não
consumir e ser consumido em uma sociedade de consumo de massas, nem me refiro a
uma busca pela intelectualidade.
Enquanto isso
fica valendo o corpo, a quantidade de bens, a curta faixa de tempo que
usufruirmos e depois trocamos esses bens, fica valendo as noções básicas de
futilidade aplicada à lógica de mercado e o ser humano passa a valer mais ou
menos de acordo com quem avalia.
Se puderem
leiam esse livro, se não concordarem ao menos reflitam as suas explanações e
desliguem-se dos celulares por dois minutos e reflitam se estamos ou não
coisificados e a disposição na grande prateleira da vida.
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