Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS
A
inércia e seus resultados nefastos afrontados pelo frescor juvenil
revestido de cidadania e esperança
Tentar dizer que dias sombrios
não englobam o contexto social brasileiro, não pertencendo as
elites que os instigam, é desconhecer a natureza das relações
humanas em seu ethos coletivo.
A historicidade brasileira nos
fornece uma ampla gama de subsídios que explicam com profundidade
muito dos aspectos reacionários, misóginos, machistas, homofóbicos
e outros que se embricam no pensamento coletivo atingindo grande
parte da população tão vilipendiada por esses extremismos.
Numa sociedade tão desigual,
como a brasileira, a construção social de políticas públicas e
inclusivas, a construção e manutenção de um pensamento crítico,
a qualidade básica em serviços públicos, perpassam por um contexto
de atitudes políticas tanto do estado, como da própria sociedade
civil.
O longo inverno da ditadura
militar, deixou ossadas em cemitérios clandestinos bem como um
legado ruim em termos de educação que a cada ano que passa é mais
desmerecida e vulnerabilizada e em função disso, muito dos avanços
sociais foram lentamente implementados, visto que é difícil
dialogar e democraticamente convencer políticos com um viés heteronormativo e que na sua maioria são brancos, ricos e
representantes do poder vigente. Mesmo assim uma parcela da sociedade
civil lutou e continua lutando para amenizar os constantes cavalos de troia propostos por quem esta no topo da pirâmide.
“As
sociedades humanas sempre se encontram em permanente transformação,
por mais “estáveis” ou “estáticas” que elas pareçam ser.”
(Florestan Fernandes)
Diante
de um governo que teve a sua ascensão ao poder de forma tão
conturbada e desrespeitosa com a maioria dos votantes, era questão
de dias para uma enxurrada de medidas, mais do que rigorosas, na
verdade medidas controversas e cruéis em todos os sentidos.
A
PEC 241, o corte no ponto dos servidores públicos que estejam em
greve, a iniciativa da Lei da Mordaça, o apoio as atividades
truculentas das policias militares na intenção de manter “A
pseuda ordem” e calar a voz de quem contesta um status quo a beira
do inaceitável e tantas outras medidas impopulares que nos remetem
ao período iniciado em 1964 e findado em 1985.
É
claro que a nossa jovem democracia sempre foi um tanto frágil,
convalescente e que a elite nacional manteve a dinâmica de grande
desigualdade social, porém os movimentos sociais, sindicais, parte
da sociedade civil como um todo conseguiram avanços significativos
que nacionalmente vem sido postos em riscos pelo Sr º. Michel Temer
, que ocupa de forma nada palatável a presidência do Brasil, e
seus séquito de escudeiros e que por incrível que pareça ainda
encontram alguma ressonância em uma parte da população que se
visualiza apoiadora e não vítima, e embasada em ranços e
preconceitos classistas de quem não entendeu que a elite só se
forma por quem têm os meios de produção ou esta na esfera decisiva
e que na realidade um emprego diferenciado em termos de salário, ou
uma empresa de pequeno porte não viabilizam a mudança para o
extrato social da “ELITE”.
Mas
como a transformação é permanente, em meio a uma visualizável
inércia de uma maioria, os jovens e suas ocupações em escolas
públicas vêm se transformando em medida alentadora e portadora de
esperança. O frescor juvenil revestido de tanta maturidade e
conscientização encontrado no discurso proferido pela menina Ana
Júlia do Colégio Senador Manoel Alencar Guimarães diante dos
Deputados Estaduais do Paraná, mais do que emocionar a mim e a
todos que assistiram nas redes sociais, reforça o que disse o
magistral Florestan Fernandes na citação acima e deixa em alto e
bom tom a todos que compõe esse governo transitório e inadequado,
de que a supressão de direitos adquiridos ou simplesmente a profusão
maciça de medidas impopulares não passarão sem luta e resistência.
Que
esse frescor juvenil e consciente nos enebrie, que aprendamos com
esses jovens que estão ocupando espaços seus e reivindicando
melhorias na educação e que contestam absurdos monstruosos como a
PEC 241 e possamos também somar na resistência para garantir a
transformação que contemple o povo e não apenas a casta de
privilegiados que historicamente nada fazem para desfrutar as
benesses que “literalmente” roubam do restante da sociedade.
BIBLIOGRAFIA:
FLORESTAN FERNANDES
COLEÇÃO: GRANDES CIENTISTAS
SOCIAIS
ORGANIZADOR: OCTAVIO LANNI
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