segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Trump Lá, Bolsonaro aqui? Talvez


Professor  Eduardo Schutz, Licenciado em História pela Universidade Luterana do Brasil e Bacharelando em História pela UFRGS

  Trump Lá, Bolsonaro aqui? Talvez!
Sem dúvida alguma, a eleição de Donald Trump chocou o mundo ocidental. Mesmo não dispondo de grande simpatia de considerável parte do eleitorado estadunidense – agora sabemos que da maioria, ao menos daqueles que foram às urnas -, Hillary Clinton era esperada como a provável sucessora da Barack Obama à Casa Branca.
Todos nos enganamos! A Vitória abraçou Trump.
A vitória de Trump está sendo contestada por milhares de manifestantes nos EUA. Desde o anúncio final, muitos se manifestam nas ruas e contestam a eleição do bilionário. No Brasil, um dos mais polêmicos representantes da extrema direita, o deputado federal Jair Bolsonaro, já declarou sua satisfação com a eleição estadunidense e disse que o Brasil seguirá o mesmo caminho em 2018. Sua fala reforça a ideia que o mesmo tem de participar do próximo pleito eleitoral para concorrer ao Planalto gerando plêiade de sentimentos divergentes na sociedade brasileira. De um lado há os grupos que apoiam Bolsonaro, muitos em virtude das fortes críticas tecidas pelo deputado ao PT e a ex-presidenta Dilma, ou por serem simpatizantes da Ditadura Militar ou mesmo de pautas reacionárias e conservadoras como a proibição da união homoafetiva, aborto, etc, mas há também aqueles que se opõem às posturas homofóbicas, machistas e racistas do parlamentar e que constantemente as denunciam nas instâncias cabíveis.
Trump lá, Bolsonaro aqui? Talvez! Existem tantas semelhanças entre os dois casos? Será que as chances de eleição do referido deputado são reais? Mas afinal, os estadunidenses elegeram Donad Trump por não saberem votar? E aqui no Brasil, sabemos votar ou não? Parece-nos que tal questão é permeada por uma ideia equivocada sobre a capacidade de escolha dos eleitores lá e aqui. Existe quem saiba votar e quem não saiba votar? Como definir? Eu sei e o outro não sabe. Assim, muitos de nós justificamos os problemas do país. Gostamos de dizer “o povo é burro e não sabe votar”, agora dizem “os ‘americanos’” são burros também, não sabem votar. E quem, pelo amor de Rá, sabe votar? Todos sabem votar!
O resultado eleitoral nos EUA demonstra que grande parte dos eleitores se identifica com muitas ideias defendidas pelo candidato eleito – ou que não tenham simpatia pelo que Hillary Clinton representava politicamente -, consideremos elas boas ou ruins. No Brasil, Bolsonaro ganha a simpatia de muitas pessoas, pois há em nossa sociedade um extrato considerável de indivíduos que odeiam o PT – mesmo que por influência da mídia -, que são homofóbicos, machistas e racistas. Deliram sobre os governos militares achando que a situação do país era melhor naquele período, mas desconhecem de fato o que se passou na Ditadura. Nos EUA, muitos são xenófobos, por isso votaram em Trump. Discordamos daqueles que justificam tais escolhas por burrice ou pela famigerada denúncia de não saber votar. Todos votam conforme seus interesses, alguns com maior ou menor clareza sobre seu candidato, seja por ingenuidade ou por desinteresse ou descrença no sistema.
Os quase 14 anos do PT no poder parece não ter ensinado muito ao partido e as esquerdas de uma forma geral, a direita vem conquistando seu espaço no Estado novamente, a esquerda parece desacreditada e sem saber o que fazer.


O processo democrático nos prega peças, muitas vezes nós mesmos nos pregamos peças eleitorais. Se toda a vez que as urnas nos apresentarem um resultado contrário àquele que gostaríamos e nos limitarmos a dizer que “as pessoas não sabem votar!” Bom, aí temos um grande problema, a falta de reflexão. A esquerda precisa se reorganizar no Brasil caso queira ser capaz de evitar que nomes como Bolsonaro ou de qualquer outro representante da direita conservadora, seja liberal ou não, venha a se eleger como presidente em 2018.

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