Professor Eduardo Schutz, Licenciado em História pela Universidade Luterana do Brasil e Bacharelando em História pela UFRGS
Trump
Lá, Bolsonaro aqui? Talvez!
Sem
dúvida alguma, a eleição de Donald Trump chocou o mundo ocidental.
Mesmo não dispondo de grande simpatia de considerável parte do
eleitorado
estadunidense – agora sabemos que da maioria, ao menos daqueles que
foram às urnas -, Hillary Clinton era esperada como a provável
sucessora da Barack Obama à Casa Branca.
Todos
nos enganamos! A Vitória abraçou Trump.
A
vitória de Trump está sendo contestada por milhares de
manifestantes nos EUA. Desde o anúncio final, muitos se manifestam
nas ruas e contestam a eleição do bilionário. No Brasil, um dos
mais polêmicos representantes da extrema direita, o deputado federal
Jair Bolsonaro, já declarou sua satisfação com a eleição
estadunidense
e disse que o Brasil seguirá o mesmo caminho em 2018. Sua fala
reforça a ideia que o mesmo tem de participar do próximo pleito
eleitoral para concorrer ao Planalto gerando plêiade de sentimentos
divergentes na sociedade brasileira. De um lado há os grupos que
apoiam Bolsonaro, muitos em virtude das fortes críticas tecidas pelo
deputado ao PT e a ex-presidenta Dilma, ou por serem simpatizantes da
Ditadura Militar ou mesmo de pautas reacionárias e conservadoras
como a proibição da união homoafetiva, aborto, etc, mas há também
aqueles que se opõem às posturas homofóbicas, machistas e racistas
do parlamentar e que constantemente as denunciam nas instâncias
cabíveis.
Trump
lá, Bolsonaro aqui? Talvez! Existem tantas semelhanças entre os
dois casos? Será que as chances de eleição do referido deputado
são reais? Mas afinal, os estadunidenses elegeram Donad Trump por
não saberem votar? E aqui no Brasil, sabemos votar ou não?
Parece-nos que tal questão é permeada por uma ideia equivocada
sobre a capacidade de escolha dos eleitores lá e aqui. Existe quem
saiba votar e quem não saiba votar? Como definir? Eu sei e o outro
não sabe. Assim, muitos de nós justificamos os problemas do país.
Gostamos de dizer “o povo é burro e não sabe votar”, agora
dizem “os ‘americanos’” são burros também, não sabem
votar. E quem, pelo amor de Rá, sabe votar? Todos sabem votar!
O
resultado eleitoral nos EUA demonstra que grande parte dos eleitores
se identifica com muitas ideias defendidas pelo candidato eleito –
ou que não tenham simpatia pelo que Hillary Clinton representava
politicamente -, consideremos elas boas ou ruins. No Brasil,
Bolsonaro ganha a simpatia de muitas pessoas, pois há em nossa
sociedade um extrato considerável de indivíduos que odeiam o PT –
mesmo que por influência da mídia -, que são homofóbicos,
machistas e racistas. Deliram sobre os governos militares achando que
a situação do país era melhor naquele período, mas desconhecem de
fato o que se passou na Ditadura. Nos EUA, muitos são xenófobos,
por isso votaram em Trump. Discordamos daqueles que justificam tais
escolhas por burrice ou pela famigerada denúncia de não saber
votar. Todos votam conforme seus interesses, alguns com maior ou
menor clareza sobre seu candidato, seja por ingenuidade ou por
desinteresse ou descrença no sistema.
Os
quase 14 anos do PT no poder parece não ter ensinado muito ao
partido e as esquerdas de uma forma geral, a direita vem conquistando
seu espaço no Estado novamente, a esquerda parece desacreditada e
sem saber o que fazer.
O
processo democrático nos prega peças, muitas vezes nós mesmos nos
pregamos peças eleitorais. Se toda a vez que as urnas nos
apresentarem um resultado contrário àquele que gostaríamos e nos
limitarmos a dizer que “as
pessoas não sabem votar!”
Bom, aí temos um grande problema, a falta de reflexão. A esquerda
precisa se reorganizar no Brasil caso queira ser capaz de evitar que
nomes como Bolsonaro ou de qualquer outro representante da direita
conservadora, seja liberal ou não, venha a se eleger como presidente
em 2018.
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