Prof. Ms. Adriano Viaro
PENSAMENTOS E DIGRESSÕES
Ser violento não significa necessariamente agredir de
forma física. Podemos trabalhar no campo das ideias e da desconstituição e
imposição delas por outras.
A "violência simbólica", descrita em prosa e
verso por diversos e relevantes autores, está ligada às diversas áreas de
atuação humana, mas, sobretudo no ambiente escolar.
Ser violento no campo simbólico é participar ativamente
da imposição de signos, símbolos e elementos culturais, em detrimento de
culturas pré-existentes naqueles educandos que estão sob nossa
"tutela" escolar.
Sou crítico no que tange à adoção de "regras por
elas próprias". Sou crítico com o termo e conceito de
"educador", a partir do momento em que isso substitui e toma espaços
legítimos anteriores à escola.
A violência simbólica está na atitude de, em recebendo
educandos de realidades diferentes às nossas, não levar tais realidades em
consideração propondo manutenção de métodos e meios capazes de
"formatá-los".
Evidente que a violência simbólica é encontrada nos mais
diversos campos humanos. Está nos desenhos animados que determinam
comportamentos e preconceitos, nos programas de humor que transformam em
"engraçado" as mais diversas raízes culturais fazendo com que seus
próprios membros a ridicularizem.
Mas, por outro lado, é na escola que tal violência
encontra maior guarida e eficácia. Há os que a defendem dizendo ser o
"meio necessário e estruturante para a criação e imposição de regras"
(como se isso não devesse ser rigorosamente debatido!), deixando de lado a
autonomia do educando, cada vez mais necessária.
Falar da implantação de regras é tema denso e requer
análises voltadas, sobretudo, à pós-modernidade, e às características
idiossincráticas de nossas novas gerações em relação às imediatamente
anteriores. (não, autonomia não é bagunça, embora alguns interpretem deste
modo).
Pais e filhos não possuem mais os mesmos marcadores de
conhecimento devido à justa adaptação tecnológica - mais efetiva nos jovens.
(Estamos diante de um tempo onde velhice deixou de significar conhecimento).
Digressões à parte, a tão falada violência simbólica
castra o que há de natural (falo de natureza pessoal humanizada) e trabalha
pela manutenção de um status quo digno de sociedades que identificam qualidades
e rotulam sujeitos.
Aos escolarizadores deixo perguntas: diante de aulas onde
a utilização de meios alternativos e tecnológicos se faz necessária e
interessante, que música, filme, série, leitura e jogos vocês usam? E que
critérios são adotados?
Uma música pode ser positiva, mas pode marcar área
(território) criando limites invisíveis de deslegitimação de culturas típicas.
Em resumo, todas as crianças e adolescentes devem se
sentir representadas na prática docente e pedagógica. Qualquer tipo de exclusão
ou hierarquia cultural caracteriza-se em violência. Violência simbólica.
Ordem não pode significar opressão e muito menos a
castração simbólica de valores culturais caríssimos à identidade e diversidade
humana.
Que tal começarmos 2017 revendo conceitos?
Bons dias.
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