terça-feira, 13 de dezembro de 2016

PENSAMENTOS E DIGRESSÕES





Prof. Ms. Adriano Viaro

PENSAMENTOS E DIGRESSÕES
Ser violento não significa necessariamente agredir de forma física. Podemos trabalhar no campo das ideias e da desconstituição e imposição delas por outras.
A "violência simbólica", descrita em prosa e verso por diversos e relevantes autores, está ligada às diversas áreas de atuação humana, mas, sobretudo no ambiente escolar.
Ser violento no campo simbólico é participar ativamente da imposição de signos, símbolos e elementos culturais, em detrimento de culturas pré-existentes naqueles educandos que estão sob nossa "tutela" escolar.
Sou crítico no que tange à adoção de "regras por elas próprias". Sou crítico com o termo e conceito de "educador", a partir do momento em que isso substitui e toma espaços legítimos anteriores à escola.
A violência simbólica está na atitude de, em recebendo educandos de realidades diferentes às nossas, não levar tais realidades em consideração propondo manutenção de métodos e meios capazes de "formatá-los".
Evidente que a violência simbólica é encontrada nos mais diversos campos humanos. Está nos desenhos animados que determinam comportamentos e preconceitos, nos programas de humor que transformam em "engraçado" as mais diversas raízes culturais fazendo com que seus próprios membros a ridicularizem.
Mas, por outro lado, é na escola que tal violência encontra maior guarida e eficácia. Há os que a defendem dizendo ser o "meio necessário e estruturante para a criação e imposição de regras" (como se isso não devesse ser rigorosamente debatido!), deixando de lado a autonomia do educando, cada vez mais necessária.
Falar da implantação de regras é tema denso e requer análises voltadas, sobretudo, à pós-modernidade, e às características idiossincráticas de nossas novas gerações em relação às imediatamente anteriores. (não, autonomia não é bagunça, embora alguns interpretem deste modo).
Pais e filhos não possuem mais os mesmos marcadores de conhecimento devido à justa adaptação tecnológica - mais efetiva nos jovens. (Estamos diante de um tempo onde velhice deixou de significar conhecimento).
Digressões à parte, a tão falada violência simbólica castra o que há de natural (falo de natureza pessoal humanizada) e trabalha pela manutenção de um status quo digno de sociedades que identificam qualidades e rotulam sujeitos.
Aos escolarizadores deixo perguntas: diante de aulas onde a utilização de meios alternativos e tecnológicos se faz necessária e interessante, que música, filme, série, leitura e jogos vocês usam? E que critérios são adotados?
Uma música pode ser positiva, mas pode marcar área (território) criando limites invisíveis de deslegitimação de culturas típicas.
Em resumo, todas as crianças e adolescentes devem se sentir representadas na prática docente e pedagógica. Qualquer tipo de exclusão ou hierarquia cultural caracteriza-se em violência. Violência simbólica.
Ordem não pode significar opressão e muito menos a castração simbólica de valores culturais caríssimos à identidade e diversidade humana.
Que tal começarmos 2017 revendo conceitos?
Bons dias.


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