terça-feira, 9 de maio de 2017

As minorias sob o peso dos meus pés


Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS

As minorias sob o peso dos meus pés


            Os mais céticos certamente não imaginaram o quadro de retrocessos históricos aos quais  o Brasil vem sendo submetido nos últimos meses. A cada  atrocidade contra direitos historicamente conquistados e consolidados, um certo estado letárgico parece tomar uma grande parte da população que já nem tenta reagir diante de tamanha desfaçatez gerada pela elite nacional.

            É claro que os movimentos sociais, bem como uma parcela significativa da juventude estudantil, as lideranças dos trabalhadores envolvidos  e alguns setores mais progressistas da classe média (infelizmente minoritários na sua classe), alguns políticos oposicionistas com compromissos honestos com seus eleitores tentam e não esgotam as tratativas de resistência e manutenção dos direitos adquiridos, porém na calada da noite com muita compra e venda de votos, muita pressão e maracutaias  as decisões mais esdrúxulas vão nos jogando quase que diariamente um banho de água fria.
            Mas em que momento histórico o trem resolveu descarrilar? Com o perdão do trocadilho, a justa falta do conhecimento histórico é o que mais prejudica a capacidade analítica da população, para escolher caminhos mais transitáveis.

            Falando especificamente de dois grupos minoritários que estão sendo muito atacados em seus direitos os Indígenas e os Quilombolas, basta ver  os constantes absurdos que estão sendo cometidos com esses dois coletivos. Em relação aos Índios a loucura é tanta que a presidência da FUNAI foi concedida a um pastor evangélico que desconhece como poucos as cosmologias dos povos indígenas, basta ver suas declarações absurdas que fazem corar a qualquer estudante de primeiro semestre de antropologia. Quanto aos Quilombolas a negativa e a morosidade na titulação de terras, além de CPIs esdrúxulas constrangendo técnicos e antropólogos  se fazem repetir por uma classe política que na sua maioria conhece apenas o cosmo de seus interesses ou dos jogos internos da vida partidária.


            Mas o porquê desses grupos minoritários estarem sendo tão atacados nesse governo de aura fascista que se instalou no Brasil? Ai entra o papel da história tão afastada da população para que ela não possa elucidar seus pensamentos e se torne presa fácil e venha a reproduzir o discurso do opressor.
            A historiografia brasileira é plural, controversa às vezes, porém muito rica com uma quantidade de obras que instruem e desmistificam determinadas posições maquiavelicamente orquestradas pela elite na intenção de se perpetuarem no poder.
            Mitos como a democracia racial caem por terra quando se tem acesso a obras do quilate de “A Construção Social da Cor” do professor José D’Assunção Barros que  traça um enorme panorama de como se constrói  socialmente diferenças que vemos a olhos nus na sociedade brasileira.

            Livros como As identidades do Brasil do Professor Jose Carlos Reis, mostrando como nossa identidade cultural foi concebida e tantos outros não fazem parte do cardápio literário brasileiro que fica “desnutrido” dessas informações altamente palatáveis e revigorantes e que pela sua ausência não conseguem entender o processo de exclusão indígena que iniciou desde a vinda dos portugueses até os dias atuais.
                                                                                                                                                                              Desta forma com tanta falta de informação, grande parte da sociedade  permanece imobilizada diante das botas das elites que pisam e esmagam sem a menor cerimônia.

            

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