Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS
As minorias sob o peso dos meus pés
Os mais céticos certamente não
imaginaram o quadro de retrocessos históricos aos quais o Brasil vem sendo submetido nos últimos
meses. A cada atrocidade contra direitos
historicamente conquistados e consolidados, um certo estado letárgico parece
tomar uma grande parte da população que já nem tenta reagir diante de tamanha
desfaçatez gerada pela elite nacional.
É claro que os movimentos sociais,
bem como uma parcela significativa da juventude estudantil, as lideranças dos
trabalhadores envolvidos e alguns
setores mais progressistas da classe média (infelizmente minoritários na sua
classe), alguns políticos oposicionistas com compromissos honestos com seus
eleitores tentam e não esgotam as tratativas de resistência e manutenção dos
direitos adquiridos, porém na calada da noite com muita compra e venda de
votos, muita pressão e maracutaias as
decisões mais esdrúxulas vão nos jogando quase que diariamente um banho de água
fria.
Mas em que momento histórico o trem
resolveu descarrilar? Com o perdão do trocadilho, a justa falta do conhecimento
histórico é o que mais prejudica a capacidade analítica da população, para
escolher caminhos mais transitáveis.
Falando especificamente de dois
grupos minoritários que estão sendo muito atacados em seus direitos os
Indígenas e os Quilombolas, basta ver os
constantes absurdos que estão sendo cometidos com esses dois coletivos. Em
relação aos Índios a loucura é tanta que a presidência da FUNAI foi concedida a
um pastor evangélico que desconhece como poucos as cosmologias dos povos
indígenas, basta ver suas declarações absurdas que fazem corar a qualquer
estudante de primeiro semestre de antropologia. Quanto aos Quilombolas a
negativa e a morosidade na titulação de terras, além de CPIs esdrúxulas
constrangendo técnicos e antropólogos se
fazem repetir por uma classe política que na sua maioria conhece apenas o cosmo
de seus interesses ou dos jogos internos da vida partidária.
Mas o porquê desses grupos
minoritários estarem sendo tão atacados nesse governo de aura fascista que se
instalou no Brasil? Ai entra o papel da história tão afastada da população para
que ela não possa elucidar seus pensamentos e se torne presa fácil e venha a
reproduzir o discurso do opressor.
A historiografia brasileira é
plural, controversa às vezes, porém muito rica com uma quantidade de obras que
instruem e desmistificam determinadas posições maquiavelicamente orquestradas
pela elite na intenção de se perpetuarem no poder.
Mitos como a democracia racial caem
por terra quando se tem acesso a obras do quilate de “A Construção Social da
Cor” do professor José D’Assunção Barros que
traça um enorme panorama de como se constrói socialmente diferenças que vemos a olhos nus
na sociedade brasileira.
Livros como As identidades do Brasil
do Professor Jose Carlos Reis, mostrando como nossa identidade cultural foi
concebida e tantos outros não fazem parte do cardápio literário brasileiro que
fica “desnutrido” dessas informações altamente palatáveis e revigorantes e que
pela sua ausência não conseguem entender o processo de exclusão indígena que
iniciou desde a vinda dos portugueses até os dias atuais.
Desta forma com
tanta falta de informação, grande parte da sociedade permanece imobilizada diante das botas das elites
que pisam e esmagam sem a menor cerimônia.
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