Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS
O ataque que vem do lado e do vácuo da consciência
Ousar a falar no termo “consciência
de classe” nos dias atuais, pautados pelas dicotomias e reducionismos, é procurar isolamento, brigas ou olhares de má vontade de muito de nossos
pares. É impressionante como o significado de ter consciência de alguma coisa,
nesse caso ter consciência da classe a qual pertence, parece te ligar a uma
questão puramente ideológica em termos políticos.
A imensa cruzada contra política
disseminada pelas elites, aliás, é tema para outra reflexão e voltando para o
tema proposto, embora Marx e outros pensadores abordem com frequência o
conceito de pertencimento de classe e por consequência a noção que o
trabalhador deva possuir do contexto ao qual está inserido, isso de forma alguma
monopoliza a expressão a ponto de fazer com que aqueles que não comungam dessa
corrente de pensadores, não possam ter consciência de si mesmo e das estruturas
sociais as quais estão submetidos.
Atualmente confunde-se em larga
escala, possibilidade de crédito, faixa de ganhos salariais e determinados
benefícios, ou até mesmo grau de instrução como balizadores de pertencimento
social.
Falta a grande parte da população a
noção exata do seu papel diante das engrenagens sociais. Um médico que precisa
trabalhar em duas ou mais clínicas e não for herdeiro de negócios familiares e
se encontra muito longe de ter seu consultório próprio é trabalhador; um
professor universitário que não tiver sua própria rede de escolas ou sua
própria faculdade é trabalhador; o gerente de uma rede de varejo se não for
filho dos donos é trabalhador.
Trabalhadores não são apenas os que
prestam serviços sem o glamour social e com remunerações menores e defasadas. Trabalhadores são todos
que vendem a sua força de trabalho para sobreviverem e isso goste ou não transcende as questões marxistas
e demais pensadores da sua corrente, isso é a mais pura e relevante realidade e
quando isso não é assimilado os poderosos, dos quais não somos colegas de
classe, aproveitam para impor ainda mais os sacrifícios pelos quais muitos
reclamam e até se tornam apolíticos em
decorrência.
Urge a compreensão por parte de
todos dessas noções, para que cessem os ataques aos que estão ao nosso lado e
se dispõem a lutar por direitos que contemplarão uma classe.
Em tempos uma pequena mobilidade
social, muitas vezes está inserida dentro do seu próprio ethos, onde você
melhora economicamente em relação aos seus pares, mas isso de forma alguma te
eleva ao status de classe dominante, pelo contrário você é apenas um
trabalhador, ainda que bem remunerado se vendes tua força produtiva, não serás
nada, além disso.
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