segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O ataque que vem do lado e do vácuo da consciência




Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS



O ataque que vem do lado e do vácuo da consciência






            Ousar a falar no termo “consciência de classe” nos dias atuais, pautados pelas dicotomias e reducionismos,  é procurar isolamento, brigas ou  olhares de má vontade de muito de nossos pares. É impressionante como o significado de ter consciência de alguma coisa, nesse caso ter consciência da classe a qual pertence, parece te ligar a uma questão puramente ideológica em termos políticos.

            A imensa cruzada contra política disseminada pelas elites, aliás, é tema para outra reflexão e voltando para o tema proposto, embora Marx e outros pensadores abordem com frequência o conceito de pertencimento de classe e por consequência a noção que o trabalhador deva possuir do contexto ao qual está inserido, isso de forma alguma monopoliza a expressão a ponto de fazer com que aqueles que não comungam dessa corrente de pensadores, não possam ter consciência de si mesmo e das estruturas sociais as quais estão submetidos.

            Atualmente confunde-se em larga escala, possibilidade de crédito, faixa de ganhos salariais e determinados benefícios, ou até mesmo grau de instrução como balizadores de pertencimento social.

        Falta a grande parte da população a noção exata do seu papel diante das engrenagens sociais. Um médico que precisa trabalhar em duas ou mais clínicas e não for herdeiro de negócios familiares e se encontra muito longe de ter seu consultório próprio é trabalhador; um professor universitário que não tiver sua própria rede de escolas ou sua própria faculdade é trabalhador; o gerente de uma rede de varejo se não for filho dos donos é trabalhador. 

            Trabalhadores não são apenas os que prestam serviços sem o glamour social e com remunerações  menores e defasadas. Trabalhadores são todos que vendem a sua força de trabalho para sobreviverem e isso  goste ou não transcende as questões marxistas e demais pensadores da sua corrente, isso é a mais pura e relevante realidade e quando isso não é assimilado os poderosos, dos quais não somos colegas de classe, aproveitam para impor ainda mais os sacrifícios pelos quais muitos reclamam e até se tornam apolíticos  em decorrência.

            Urge a compreensão por parte de todos dessas noções, para que cessem os ataques aos que estão ao nosso lado e se dispõem a lutar por direitos que contemplarão uma classe.
            Em tempos uma pequena mobilidade social, muitas vezes está inserida dentro do seu próprio ethos, onde você melhora economicamente em relação aos seus pares, mas isso de forma alguma te eleva ao status de classe dominante, pelo contrário você é apenas um trabalhador, ainda que bem remunerado se vendes tua força produtiva, não serás nada, além disso.
           



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