terça-feira, 7 de novembro de 2017

Cuidado! Não caia no conto do “bom moço”.



Paulinho dos Santos é Acadêmico de Ciências Sociais pela UFRGS e Militante de Causas Sociais






Cuidado! Não caia no conto do “bom moço”.

Exatamente. Não caia no conto do “bom moço”.

No primeiro domingo de novembro de 2017, Fernando Henrique Cardoso, o “príncipe da sociologia” no Brasil, escreveu um artigo, para O Globo, intitulado “Hora de decidir”.

Nesse artigo, o ex-presidente, e intelectual, disserta sobre a conjuntura política, faz algumas análises, se atreve a fazer raríssimas previsões e, por fim, mostra, ao PSDB, partido político ao qual é filiado, um rumo a seguir.

Ao fazer críticas ao governo Temer, embora defenda que o seu partido deva impulsionar as reformas apresentadas pelo atual governo, Fernando Henrique defende a saída imediata, a partir da convenção partidária em dezembro (algo nem tão imediato assim), do PSDB da base aliada de Temer, lugar em que esteve desde o golpe de 2016.

Além de mostrar certa preocupação com a crise política instaurada no país.

Tudo isso, firmado na sua velha mania de grandeza e autopromoção. Afinal, Fernando Henrique, faz questão de lembrar que venceu lula por “duas vezes quando ele já era um líder partidário de massas”, na tentativa de afirmar que é possível vencer Lula e o PT em uma disputa eleitoral (e também para lembrar que ele é o único tucano que venceu os petistas em uma eleição nacional).

Mas até aqui tudo bem. Todas as linhas escritas por Fernando Henrique Cardoso talvez fossem bem recebidas se não fosse um importante detalhe: Fernando Henrique deu aval para que Aécio Neves e o PSDB, em sua sanha tresloucada de tomar o poder, organizassem um golpe à democracia brasileira em pleno século XXI e, após a derrubada de uma presidenta democraticamente eleita, que não cometera crime algum que justificasse seu impeachment, ficasse mais do que ao lado de Temer (o Usurpador), mas ocupasse o governo com ministérios importantes.

Fernando Henrique silenciou quando João Dória, e as demais lideranças do PSDB, em reunião do Diretório Estadual do partido, em São Paulo, no mês de junho de 2017, mesmo depois dos vários escândalos de corrupção do governo divulgados, defenderam o apoio e a permanência do PSDB ao governo Temer, pois, segundo o prefeito da capital paulista, “nosso inimigo chama-se PT”.

Fernando Henrique calou completamente diante do acordo de salvamento mútuo realizado entre PSDB e PMDB, no mês de outubro, qual seja: o PMDB ajudava a salvar o mandato de Aécio Neves, afastado pelo Supremo Tribunal Federal por suspeita de cometer vários crimes, enquanto o PSDB, na Câmara, ajudaria a barrar a denúncia contra Michel Temer.

Ou seja, Fernando Henrique Cardoso tem calado e apoiado e os movimentos realizados pelo seu partido até aqui. Fernando Henrique tem defendido a necessidade de aprovação das reformas, que atacam diretamente os trabalhadores e as trabalhadoras, porque essas reformas fazem parte do projeto do PSDB e da sua forma de governar.

Agora, o ex-presidente vem a público defender a saída do PSDB do governo e execrar Michel Temer, como se ele, e o seu partido, não tivessem responsabilidade alguma por toda essa crise instaurada no Brasil desde a reeleição de Dilma Rousseff.

Nada mais eleitoreiro do que isso.

O PSDB, em conluio com o PMDB, fizeram de tudo para que Dilma Rousseff não conseguisse governar a partir da sua vitória eleitoral em 2016.

O PSDB se tornou a nova UDN. Mas Fernando Henrique Cardoso ainda quer posar de “bom moço”. Cuidado!



REFERÊNCIAS:

CARDOSO. Fernando Henrique. Hora de Decidir. Disponível em <http://noblat.oglobo.globo.com/artigos/noticia/2017/11/hora-de-decidir-05-11-2017.html> último acesso em 07 de nov. de 2017.


R7. Em reunião do PSDB, João Dória defende Temer: “Nosso inimigo chama-se PT”. Disponível em <https://noticias.r7.com/brasil/em-reuniao-do-psdb-joao-doria-defende-temer-nosso-inimigo-chama-se-pt-06062017> último acesso em 07 de nov. de 2017.

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