Paulinho dos Santos é Acadêmico de Ciências Sociais pela UFRGS e Militante de Causas Sociais
Cuidado!
Não caia no conto do “bom moço”.
Exatamente.
Não caia no conto do “bom moço”.
No
primeiro domingo de novembro de 2017, Fernando Henrique Cardoso, o
“príncipe da sociologia” no Brasil, escreveu um artigo, para O
Globo, intitulado “Hora de decidir”.
Nesse
artigo, o ex-presidente, e intelectual, disserta sobre a conjuntura
política, faz algumas análises, se atreve a fazer raríssimas
previsões e, por fim, mostra, ao PSDB, partido político ao qual é
filiado, um rumo a seguir.
Ao
fazer críticas ao governo Temer, embora defenda que o seu partido
deva impulsionar as reformas apresentadas pelo atual governo,
Fernando Henrique defende a saída imediata, a partir da convenção
partidária em dezembro (algo nem tão imediato assim), do PSDB da
base aliada de Temer, lugar em que esteve desde o golpe de 2016.
Além
de mostrar certa preocupação com a crise política instaurada no
país.
Tudo
isso, firmado na sua velha mania de grandeza e autopromoção.
Afinal, Fernando Henrique, faz questão de lembrar que venceu lula
por “duas vezes quando ele já era um líder partidário de
massas”, na tentativa de afirmar que é possível vencer Lula e o
PT em uma disputa eleitoral (e também para lembrar que ele é o
único tucano que venceu os petistas em uma eleição nacional).
Mas
até aqui tudo bem. Todas as linhas escritas por Fernando Henrique
Cardoso talvez fossem bem recebidas se não fosse um importante
detalhe: Fernando Henrique deu aval para que Aécio Neves e o PSDB,
em sua sanha tresloucada de tomar o poder, organizassem um golpe à
democracia brasileira em pleno século XXI e, após a derrubada de
uma presidenta democraticamente eleita, que não cometera crime algum
que justificasse seu impeachment, ficasse mais do que ao lado de
Temer (o Usurpador), mas ocupasse o governo com ministérios
importantes.
Fernando
Henrique silenciou quando João Dória, e as demais lideranças do
PSDB, em reunião do Diretório Estadual do partido, em São Paulo,
no mês de junho de 2017, mesmo depois dos vários escândalos de
corrupção do governo divulgados, defenderam o apoio e a permanência
do PSDB ao governo Temer, pois, segundo o prefeito da capital
paulista, “nosso inimigo chama-se PT”.
Fernando
Henrique calou completamente diante do acordo de salvamento mútuo
realizado entre PSDB e PMDB, no mês de outubro, qual seja: o PMDB
ajudava a salvar o mandato de Aécio Neves, afastado pelo Supremo
Tribunal Federal por suspeita de cometer vários crimes, enquanto o
PSDB, na Câmara, ajudaria a barrar a denúncia contra Michel Temer.
Ou
seja, Fernando Henrique Cardoso tem calado e apoiado e os movimentos
realizados pelo seu partido até aqui. Fernando Henrique tem
defendido a necessidade de aprovação das reformas, que atacam
diretamente os trabalhadores e as trabalhadoras, porque essas
reformas fazem parte do projeto do PSDB e da sua forma de governar.
Agora,
o ex-presidente vem a público defender a saída do PSDB do governo e
execrar Michel Temer, como se ele, e o seu partido, não tivessem
responsabilidade alguma por toda essa crise instaurada no Brasil
desde a reeleição de Dilma Rousseff.
Nada
mais eleitoreiro do que isso.
O
PSDB, em conluio com o PMDB, fizeram de tudo para que Dilma Rousseff
não conseguisse governar a partir da sua vitória eleitoral em 2016.
O
PSDB se tornou a nova UDN. Mas Fernando Henrique Cardoso ainda quer
posar de “bom moço”. Cuidado!
REFERÊNCIAS:
CARDOSO.
Fernando Henrique. Hora de Decidir. Disponível em
<http://noblat.oglobo.globo.com/artigos/noticia/2017/11/hora-de-decidir-05-11-2017.html>
último acesso em 07 de nov. de 2017.
R7.
Em reunião do PSDB, João Dória defende Temer: “Nosso inimigo
chama-se PT”. Disponível em
<https://noticias.r7.com/brasil/em-reuniao-do-psdb-joao-doria-defende-temer-nosso-inimigo-chama-se-pt-06062017>
último acesso em 07 de nov. de 2017.
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