Paulo dos Santos
Bacharel em Ciências Sociais pela UFRGS
Mestrando em Ciências Políticas pela UFRGS
Os rumores da saída de Luiz Henrique
Mandetta do Ministério da Saúde para dar lugar ao terraplanista
Osmar Terra, bem conhecido dos gaúchos, tem alterado a conjuntura
política de forma abrupta. Mandetta, do dia para a noite, passou a
ser o grande nome do governo Bolsanaro no enfrentamento ao Covid-19
e, agora, procura se segurar na corda bamba do ególatra Jair.
Mandetta não errou, tampouco acertou
(nem sempre, na política se trata de erros e acertos). A sua saída
do governo se daria, como anunciado por Bolsonaro, pelo fato de ter
se tornado “estrela”. Ou seja, ter alcançado popularidade
enquanto que o Messias só cai no desgosto popular.
Jair Bolsonaro, a cada nova pesquisa
de avaliação do seu governo, vê sua taxa de aprovação cair,
enquanto que alguns ministros começam a ganhar certo destaque. Há
pouco, Bolsonaro andou afastando Moro com medo de ser superado pelo
ex-juíz celebridade. Agora, Bolsonaro volta seu ataque ao ministro
da saúde a ponto de ameaçar sua exoneração durante uma pandemia
global.
Nessa circunstância, setores da
esquerda passaram a defender a permanência do atual ministro da
saúde como se a sua atuação diante do ministério fosse, em certa
medida, defensável. O que não é!
Luiz Henrique Mandetta, político
filiado ao DEM, após votar pelo golpe de 2016 e ajudar a aprovar a
Emenda Constitucional nº 95 (teto dos gastos), assume o ministério
da saúde de Jair Bolsonaro e começa a promover cortes fundamentais
na saúde pública. Um de seus primeiros ataques é ao Programa Mais
Médicos, responsável por democratizar a saúde pública levando
médicos para atender sobretudo a população mais pobre das regiões
mais afastadas desse país.
Mandetta também foi o responsável
pelo fim do Programa Farmácia Popular, que tinha como objetivo dar
acesso a remédios essenciais à população.
Na área da saúde mental, o
ministério da saúde, sob chefia de Luiz Henrique Mandetta, mudou a
política que vinha sendo adotada de forma a permitir a internação
de crianças em hospitais psiquiátricos e a compra de aparelhos de
eletrochoque pelo SUS, indo na contramão dos movimentos de luta
antimanicomial.
Mas há quem diga que é preciso
separar os momentos buscando fazer uma análise entre o antes e o
depois do coronavírus, o que eu, obviamente, discordo. Mandetta
atacou a base do Sistema Único de Saúde e, agora, colhemos os
resultados. Com o seu voto favorável ao teto dos gastos, perdemos,
só em 2019, cerca de R$ 20 bilhões de investimentos na saúde
pública do país.
Com Luiz Henrique Mandetta, o
ministério da saúde não se abriu um único leito de UTI. Os
hospitais não foram abastecidos com materiais e pessoal. Aliás, o
governo do Brasil, mesmo vendo os sistemas de saúde da Europa
prestes a entrar em colapso, demorou a agir no sentido de proteger a
sua população. Demorou em repatriar os brasileiros que estavam na
China. Demorou a implementar medidas restritivas em solo nacional.
Demorou a atuar. E essa demora se dera por conta de uma política de
mercado que não podia parar. Paulo Guedes e a equipe econômica não
podiam ficar sem votar suas reformas que atacam o povo brasileiro.
Por conta disso, os governadores dos
estados passaram a adotar medidas sérias de isolamento social, o que
ocasionou um choque direto entre os interesses econômicos do
governo, e das elites, e a política de restrição dos governadores.
Bolsonaro e Mandetta fizeram coletiva de imprensa para falar em
isolamento vertical. Bolsonaro chamou manifestações públicas
contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Mandetta
nunca o criticou, nem ao menos defendeu duramente as políticas
restritivas implementadas pelos estados.
Ou seja, Luiz Henrique Mandetta não
acerta em nenhum momento. Como política para a contenção da
pandemia, o ministro da saúde fala em “torcer para que haja um
escalonamento da doença” para que assim o ministério da saúde
possa remanejar equipamentos e pessoal pelos estados, conforme forem
aumentando os casos graves do Covid-19. Isso é tudo, menos política
pública.
Luiz Henrique Mandetta não é melhor,
nem pior, que Osmar Terra. A única diferença é que o primeiro não
é terraplanista.
Nossa tarefa, portanto, não é pedir
um “Fica Mandetta”, até porque não somos e nem queremos ser
parte desse governo. Nossa tarefa é apontar os erros e anunciar
políticas alternativas ao desmonte do Brasil feito por Jair
Bolsonaro, seus filhos e sua equipe, da qual estão inclusos Luiz
Henrique Mandetta, Sérgio Moro, Abraham Weintraub, Damares Alves,
Regina Duarte, Paulo Guedes, etc.
É engano pensar que a permanência de
Mandetta no ministério da saúde é um “ganho” para a população
brasileira em tempos de coronavírus. Como bem escreveu o professor
Juarez Guimarães ao portal da Democracia Socialista, em 21 de março,
o que está sendo implementado é uma política de necropoder. A
única forma de garantir saúde para as pessoas é com a luta pelo
Fora Bolsonaro, o que inclui todo o seu povo que está destruindo o
Brasil e a vida do povo brasileiro.
Não há como arredar pé disso.
Acho que o governo precisa colocar no radar sempre que o sistema público entrar em colapso por falta de leitos UTI de média e Alta complexidade ou o ministério da saúde pode entrar porta dentro dos hospitais privado e confiscar os leitos que certamente serão omitidos pela reserva de mercado que a elite vai travar
ResponderExcluirÓtimo Paulinho muito bom isso teria que ser regra achar que temos que unir forças pra combater o coronavírus primeiro é um erro da esquerda em geral
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