domingo, 7 de julho de 2024

Reflexões de uma simples “pelada” de futebol

 



Poeta, Contista & Cronista Social










         Um dia desses, recentemente com raros raios solares aqui pelo meu estado, no meu intervalo de almoço na escola, aproveitei para dar uma “lagarteada” (Gíria muito utilizada em partes do RS que significa pegar sol) no pátio da instituição onde trabalho.

            Paralelo ao ginásio de esportes da escola  há uma pequena quadra de futebol sem cobertura onde além de servir para as práticas de educação física em dias sem chuva, também serve para brincadeiras das crianças que chegam com muita antecedência para o turno da tarde e por ali se dividem entre o vôlei e o futsal, dependendo do grupo que chega primeiro e que têm a bola.

            Detive-me   introspectivamente e com o olhar de poeta assistindo à alegre “pelada” que se desenvolvia entre meninos que literalmente maltratavam a bola, erravam passes de centímetros , um dos goleiros nitidamente fora escolhido pela inabilidade com os pés, sequer prestava atenção ao jogo e conversava distraidamente com outro colega escorado junto a trave,  eram garotos que certamente  não jogavam nos times do bairro ou da escola. Voltei no tempo pois, sempre sobrei nas peladas dos extintos campinhos da minha infância, mesmo que a bola fosse minha nem isso me fazia ser escolhido nas primeiras opções, eu era como aqueles garotos, mas assim como eles, eu e os meus amigos da infância vivíamos momentos lúdicos de brincar e ser feliz sem nos comprometermos em performar.

            Tenho dois grandes amigos intelectuais com os quais estou sempre aprendendo em nossas conversas que são  os Professores Adriano Viaro e Eduardo Schutz  e seguidamente abordamos o tema da necessidade exacerbada que a sociedade tem em mostrar-se vitoriosa e feliz, excluindo a normalidade do cotidiano.

            Cada passe mal dado, defesa mal feita metaforicamente  não mostramos no nosso dia a dia, porque dentro dos desdobramentos do capitalismo só há espaço para vencedores, aliás, indico que sigam o Professor Viaro em suas redes sociais onde com mais propriedade e estudos ele costuma elucidar esses aspectos da Pós-modernidade que se retroalimenta de uma fragilidade coletiva que busca sempre aprovação.

            Tornamo-nos  tão competitivos, e como não há espaço para que todos vençam, disfarçamos simbolicamente nossas imperfeições e derrotas em busca de flashes por efêmeros momentos de glória. Somos sedentos por vitória, ainda que o conceito da mesma seja totalmente  reformulado  de maneira controversa.

         Eu hoje maduro fui representado por aqueles garotos que simplesmente brincavam sem compromisso com a “vitória”, aliás, esse compromisso megalomaníaco de buscá-la acima de tudo é estimulado por uma figura nefasta da nossa sociedade que é o “Coach”, mas aí o meu amigo Viaro e outros pensadores que se debruçam a desmascarar esses embusteiros têm mais propriedade para abordar.

         Eu sigo como a garotada no sol divertindo-me  e nem ai para o padrão coletivo de sucesso, pois nas quadras da minha vida há espaços para os meus iguais e não para os arautos do sucesso constante.

        Em tempo! Só me faltou enquanto assistia ao jogo a companhia de uma bergamota.


domingo, 12 de maio de 2024

A hora é da solidariedade, mas não podemos nos desviar da verdade

 



Poeta, Contista & Cronista Social










        Diante dessa catástrofe climática que destruiu a vida, os sonhos e as estruturas de milhares de gaúchos, confesso que pensei muito em propor uma reflexão sobre o que vivenciamos um pouco mais adiante.

            A sociedade civil se mobilizou, os agentes públicos se mobilizaram e as manifestações solidárias e toda a labuta que as envolvem se tornaram pujantes nesse triste cotidiano. Cada um da sua maneira, ainda que não todos, têm se envolvido na ajuda e socorro as vítimas desse desastre profundo e marcante, muitos estão na linha de frente, outros mobilizaram-se com doações materiais ou dos seus tempos diante dos abrigos que acolhem inúmeras pessoas destituídas do seu chão pelas forças das águas, outros receberam em suas casas familiares e/ou amigos, enfim quase ninguém ficou indiferente a essa tragédia que assolou o estado do RS. Desde grandes celebridades a figuras anônimas tomaram o protagonismo das ações que precisavam ser executadas nesse primeiro momento.

            Porém não podemos deixar de elencar determinados pressupostos que não podem tomar o viés das fake news ou de simplesmente condicionar ao elemento “natureza” ou as vitimas a culpa dos infortúnios que presenciamos.

        O Governador do estado, o prefeito da capital e outros tantos políticos espalhados pelos municípios gaúchos e muitos dos seus eleitores que até estão ajudando são adeptos do privatismo  indiscriminado, do estado diminuído, do negacionismo científico, da ausência de políticas públicas e acima de tudo de consciência ambiental.

            Não é preciso ser expert para entender que as mudanças climáticas estão ai a nossa porta, e que não baterão para entrarem nas nossas salas. O mínimo que se espera de gestores públicos é que tenham a responsabilidade de governarem para todos e não apenas para o capital privado e os especuladores imobiliários, que só faltam construir dentro do mar na sua fúria por lucros e riquezas.                                                                                     

            O capital especulativo está ai e certamente seus detentores moram bem longe das áreas afetadas e mesmo que perdesse algum bem material, como sempre fazem conseguirão se reorganizar sem as mazelas que assolam os cidadãos normais.

           A enxurrada de fake news, a entrevista do prefeito do Porto Alegre em rede nacional transferindo a culpa para a natureza e para as vítimas, não pode nos passar despercebidas e sem sofrerem contestações.

            Me somo aos muitos que procuram ajudar de uma forma ou  outra, gostaria de poder mais até, porém não posso me calar e deixar de compartilhar essa reflexão, caso contrário a natureza continuará pagando o pato pelas perdas enquanto os poderosos lucram com suas “ações”, mercadologicamente falando e alguns representantes públicos seguem financiando os seus “reinados” a custa dos que cotidianamente perdem.

           

           


quarta-feira, 20 de março de 2024

Os frutos amargos quando uma educação não estimula a criticidade

 



Poeta, Contista & Cronista Social










          Integro uma parcela da população que não acredita em um país pleno e desenvolvido que não invista em uma educação forte e consistente.

          O histórico de colônia dilapidada a país “livre” transpassado por uma política monetária e científica atrelada a nações que ditavam e ainda ditam as regras do jogo internacional, o modelo ainda agroexportador, e o consumo persistente de inovações “não tão novas assim” que abastecem com “delay” as demandas tupiniquins da nossa classe média, ainda são forças atuantes e ditam uma série de nuances que nos atrelam a esse estado de desigualdade assustadora na nossa sociedade.

       A história da educação brasileira, sempre foi marcada pela luta de quem se faz resistência e tenta estimular uma educação plena, crítica, universal e atuante e que possa qualificar e acima de tudo estar à disposição de todos os cidadãos brasileiros.

        Uma educação que proponha a criticidade, sempre foi amplamente combatida por aqueles que tentam manter o establishment, afinal estar no poder necessita o conservadorismo de não mudarmos determinados paradigmas e respeitarmos a pluralidade da sociedade brasileira. Até agora esse conflito de ideias vem sendo vencido pelos setores conservadores, que já tiveram ferramentas como o golpe institucional contra a democracia que foi o regime militar que desmantelou e perseguiu grandes educadores fundamentais para uma educação libertadora e que agora se manifestam com muitos parlamentares espalhados pelo país levando adiante uma pauta que corrobora para uma educação tecnicista que só visa abastecer o mercado de trabalho.

     Mundo a fora essa massa formada distante dos elementos da criticidade, contribui diretamente para esse avanço global da extrema direita que está levando o planeta a banca rota, pois uma educação que não estimula o senso crítico, produz geralmente dois tipos de cidadãos extremamente convenientes para que as coisas não evoluam e se democratizem beneficiando a coletividade.

       Produz o indivíduo egoísta, imediatista, reprodutor da cantilena meritocrática neoliberal e conservador de costumes e um outro tipo que inocentemente contribui para mesmice que privilegia os poderosos. Esse outro cidadão é o “outsider do sistema”, aquele que se nega a dialogar, refletir, tem raiva de qualquer proposta reflexiva, acha que os caminhos da sociedade não lhe dizem respeito ignorando por total a força do coletivo, e que se entrega a falsas simetrias com uma ingenuidade assustadora.

       Obviamente dentro dos setores progressistas, devemos ter a autocrítica de que falhamos e não conseguimos conversar e atrair a reflexão desse grupo que não tem intenções ruins, mas que apenas pela falta de estímulo adotou uma postura mais inerte e defensiva, mas que na verdade prejudica a si mesmo.

     Se quisermos uma mudança de médio a longo prazo precisamos de estratégias para criarmos pontes com esse grupo que a falta de uma educação crítica colocou nesse papel de “isenção”, “apolítico” e que contribuem para que as coisas continuem como estão, ainda que não percebam.

         

         


quarta-feira, 13 de março de 2024

A dizimação programada e o lento extermínio de categorias da educação

 



Poeta, Contista & Cronista Social









               Não é desconhecido para quem procurar ler e pesquisar sobre educação nesse país, que diversas vezes as nuances tecnicistas com intuito de formação de uma mão de obra para o mercado, sem preocupar-se com a composição de uma massa com senso crítico nortearam nossos dias.

          Tivemos ao longo de nossa história enquanto nação períodos e iniciativas progressistas e de vanguarda vide as nossas Universidades Públicas e nossos Institutos Federais que geralmente reverberam qualidade e tudo isso pautados por princípios democráticos que resistem aos constantes ataques que nascem da obscuridade de alguns setores extremados e ultraconservadores. Se dependesse da vontade de alguns, o gigante Paulo Freire sequer seria lido em terras Brasilis.

          Mas lembrando a constatação de que a bagunça na educação era um projeto, como dizia outro gigante que foi Darcy Ribeiro, vejo na condução da educação pública estadual justamente esse projeto nefasto de arrebentar com tudo de uma vez.

          Ausência de recursos humanos, precariedades de instalações, salas lotadas e a crueldade de se dividir o quadro de educadores da forma mais aviltante possível.

          Vejamos: Aumentos, que são raros e muito pequenos dados aos professores da ativa, não são repassados aos inativos e aos funcionários de escola, aliás os funcionários de escola formam a categoria mais pisoteada e invisibilizada na educação, começo a suspeitar que os que comandam a máquina pública estudaram por telepatia, pois mesmo que estudassem a distância de maneira não presencial, teriam que técnicos disponibilizassem as atividades em rede e ao menos uma secretaria para atender suas demandas e talvez isso os sensibilizasse (contém ironia).

          O sindicato tenta bravamente fazer sua parte, mas em um país onde os insetos veneram o inseticida, esta cada vez mais insalubre essa luta. Os funcionários de escola já despencaram do final da fila em relação a esse Governo estadual que segue o mantra de tantos outros que só lembram das pessoas nas proximidades eleitorais.

          Não é preciso fazer uma pesquisa quantitativa para chegar a uma amostragem substancial de que muitos dos servidores de escola, se tiverem uma chance de trocar de emprego fazem na hora, tamanho o desrespeito a que estão submetidos.

          O que sobra para os educadores aposentados então? Esses deram 30 ou mais anos de suas vidas, para verem suas míseras aposentadorias definharem na velocidade da luz, e hoje não conseguem unirem seus esforços para tentativa de pressão para mudar esse absurdo quadro.

          Enfim a uberização do trabalho já amplamente enraizada em nossa sociedade começa a rumar para uma exploração sem precedentes nesse segmento de trabalho e infelizmente não consigo vislumbrar um projeto de país altivo e desenvolvido que não tenha tido atenção e respeito redobrados com a educação.


quarta-feira, 6 de março de 2024

Os paradoxos de quem deveria educar

 


Poeta, Contista & Cronista Social







          Partindo de uma das premissas do significado do verbo “educar”, que é o ato de instruir e preparar o cidadão para vida, retomo uma discussão muito pertinente e salutar em relação a este ato, que é o fato de mantermos uma educação conectada com a realidade.

          Há em nosso país uma série de temáticas estruturais que precisam ser debatidas, mesmo que alguns educadores adeptos de uma escola “sem partido” façam vistas grossas e acreditem que determinados temas envermelham as suas bandeiras dando guarida ao famigerado “comunismo”.

          Na esfera de uma escola, que deveria ser um espaço democrático, de inclusão e de trabalhar a diversidade, repetir ainda que, simbolicamente a distopia de Ray Bradbury o famoso Fahrenheit 451 não me parece ser o mais salutar e aconselhável.

          O caso da Diretora que solicitou a retirada do premiado livro “O avesso da pele” de Jeferson Tenório me suscita alguns questionamentos em relação a sua atitude como gestora escolar.

          Primeiramente, como se não bastassem as premiações da obra literária, suas traduções para outros idiomas, um livro para ser adotado como objeto de trabalho em uma escola, passa por instâncias educacionais superiores ao ponto hierárquico que a Diretora ocupa, é discutido por profissionais de notório saber sobre a adequação da obra e a faixa etária que será destinada e mesmo assim para que a escola o adote, em um determinado momento a diretora terá que assinar (de preferência lendo o que assina) e caso o seu ponto de vista pessoal em relação a obra (se é que leu) discorde da qualidade do livro, em uma discussão democrática promovida em alguma atividade que se leia o livro, poderá sugerir a leitura de algo que também ache pertinente.

          Porém depois que assinou (me parece que sem ler) tomar uma iniciativa arbitrária e deselegante em relação ao livro, pode me ensejar a pensar em racismo estrutural, mas aí já é pedir demais.

          Afinal quem costuma assinar sem ler, ainda que a burocracia do cargo seja extensa, não me parece conhecer ou querer discutir esse conceito estrutural.

          Enfim! Não estou afirmando nada, mas elucubrando diante desse paradoxo de quem deveria educar.

         


sábado, 27 de maio de 2023

A despolitização de longo prazo e o alto custo do personalismo

 


Poeta, Contista & Cronista Social.





Se tivermos a oportunidade de estabelecermos um diálogo com um número mais amplo de brasileiros sobre questões políticas, não será surpresa que vejamos uma imensa concentração de expectativas em torno de uma “pessoa”. Grosso modo, o brasileiro médio, e só para ressaltar isso não é uma crítica demeritória, tende a achar que um poder ou a figura pessoal de um determinado político será suficiente para resolver todas as demandas e mazelas da administração pública.

O costume de intensificar suas aspirações em um único viés é provavelmente um dos efeitos nefastos do esvaziamento das questões conceituais do cotidiano brasileiro. Quem de nós cresceu sem ouvir o mantra de que Política, Futebol e Religião não se discute? Esse trio de questões emblemáticas foram incessantemente defenestrada do nosso dia a dia e a quem interessa?

Política faz parte do nosso viver diário, Religião quando adentra searas públicas de decisões e influências e futebol como uma manifestação esportiva e cultural que envolve não apenas um grande mercado profissional, mas como comunica a um gigantesco número de pessoas é sim importante que se discuta com sobriedade, princípios democráticos, interesse e um certo grau de conhecimento que foi esvaziado da nossa educação, tanto nas escolas como em nossas famílias.

Não discutir essas questões é arar o solo para o plantio de narrativas estapafúrdias e muitas vezes desonestas de grupos que querem se perpetuar no poder se locupletando com a desigualdade social, é continuar votando em candidatos comprometidos apenas com seus projetos pessoais e sem nenhum respeito pela liturgia do cargo que ocupam, é achar que no esporte possamos exalar preconceitos dos mais variados, é achar que a sua religião possa ignorar a laicidade do estado que está determinada em constituição federal e acima de tudo é flertar com ideias extremistas de direita ultraconservadora e reacionária que os ventos mundiais nos oferecem.

domingo, 29 de agosto de 2021

Eu vejo o futuro repetir o passado

   



Márcia Antunes
Artista visual, arte terapeuta, educadora e artesã, bordadeira, ex-punk, reikiana, atéia, motoqueira, viciada em livros, chá e filme francês



Nos últimos dias assistimos quase que completamente incrédulos os talibãs

consolidando sua volta ao poder no Afeganistão. Nesta versão “atualizada” de tomada de

poder opressivo, soubemos mais rapidamente o que estava acontecendo graças à

tecnologia e as redes sociais. E nossa atuação efetiva nesse absurdo todo, parou por aí

mesmo. Foram inúmeras pessoas que tentaram sair de Cabul a tempo de evitar o

sofrimento iminente. Especialmente as mulheres, que já sentiram na carne (literalmente) o

peso da crueldade deste regime fundamentalista.

Apavoradas, temem sair às ruas. Justamente esta geração mais nova, que devia ter

recebido assistência que poderia ter evitado a entrega do país aos talibãs.

País esse que parece ter parado no tempo. Um país tribal, quase um “quebra-cabeças”

com tantas etnias diferentes; com decisões sociais feitas por anciãos e clãs. Escambo,

gente morando em tendas ao invés de casas; 80% não tem energia elétrica. E com avanços

muito tímidos na valorização da mulher. Muitas delas ainda usam burcas.

Item da tradição pachtum (uma etnia afegã), a burca é algo já internalizado pela cultura

misógina daquele lugar. A religião, usada como pretexto de toda opressão feita às

mulheres, conseguiu cumprir bem seu papel: muitas se sentem envergonhadas se não

cobrem seu corpo, ou ao menos, seu rosto. É a “tradição”.

Desconstruir toda esta visão que objetifica o corpo da mulher tem sido a luta árdua e

exaustiva de muitas de nós. Em nossas rotinas, temos buscado acolher para poder

modificar uma leitura rasa de tudo o que possa significar “ser mulher”.

O talibã é um extremo. Mas são vários os tons desta cartela de cores dolorosa que é o

patriarcado. Existem formas não tão óbvias de se “coisificar” a mulher. Frases

romantizadas, atitudes assistencialistas e paternais; protecionismo disfarçado de docilidade,

etc. Um número gigante de ações tão banalizadas, que quase não percebemos.

O ano é 2021; estamos em uma quarentena mortal; disputa de orçamentos de vacina

enquanto milhares morrem; a economia castiga sem pena (e mata). E ainda vemos pelas

telas dos celulares: chás de revelação de sexo, romatização de relações amorosas,

banalização da violência, descaso com políticas de atendimento básico às mulheres e uma

volta “medieval” de valores sociais.

Cabul está em sítio. Físico, psicológico e social. Seguimos nos informando para que

possamos fazer algo legítimo e concreto contra o absurdo deste regime autoritário.

Mas que tenhamos os olhos atentos ao nosso entorno mais local, para que nossa

percepção não fique dormente. E que “Gilead” esteja apenas onde sempre esteve: no

repertório ficcional.