quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

A precarização exacerbada do funcionalismo público.

Daniel da Luz Machado - Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.











A precarização exacerbada do funcionalismo público



         O neoliberalismo ,à brasileira, há muito intenta a total implosão do contexto de bem estar social. Passaram governos um pouco mais a esquerda e outros um pouco mais a direita, porém ambos a seu modo, privatizando mais ou menos, ainda conseguiram garantir um mínimo de dignidade ao funcionalismo e por via de regra a garantia de uma prestação de serviços razoável, com falhas, porém com acertos que contemplassem as camadas mais pobres que são as que mais precisam dos serviços públicos.

         Com a chegada ao poder de uma extrema direita raivosa, que fez da bandeira da luta contra corrupção o seu simbolismo maior, embora em termos de corrupção a “Nova corte e seu séquito de seguidores” façam corar até quem tirava pirulito de criança, nunca a agenda dos neoliberais brasileiros obtivera tanta vantagem na sua implementação.

         O governo estadual do RS completamente afinado com o Governo Federal de Bolsonaro e capitaneado pela batuta do Ministro Paulo Guedes à serviço do grande empresariado (Que é quem realmente manda no País) acelera de uma forma quase distópica a destruição da estrutura pública.

         A mão invisível do mercado já havia precarizado de forma acentuada as relações formais de trabalho na iniciativa privada, com a falácia dos discursos inconsistentes dos famigerados empreendedorismo e meritocracia, o processo de “uberização” das relações profissionais coloca todos no “informal” abrindo mão de direitos tão dolorosamente conquistados no curso da história.

         O Governador Eduardo Leite, eleito no vácuo da falta de politização e consciência de classe de grande parte da população, apresenta uma agenda que não apenas pune os cidadãos que dependem dos serviços públicos, mas também precariza e humilha servidores ativos e inativos. Creio que não haverá mercado informal suficiente para fornecer o famoso “bico” aos servidores que excetuando os privilegiados dos poderes judiciário e legislativo e alguns do primeiro escalão do executivo, irão precisar para complementar as suas combalidas receitas que muito longe passam da valorização e dos reajustes necessários.

         Os ataques do Jovem Governador (de velhas práticas) ao funcionalismo transcende ao menor aspecto de empatia com quem está na base e tem as menores remunerações. “O leite oferecido é insalubre” e ao submeter os servidores com menores salários ao esdruxulo pacote de ajuste fiscal quem realmente perderá é a população mais pobre que depende desses serviços, além dos pequenos comerciantes que sentirão no fluxo de caixa o caos dessas medidas abusivas, pois certamente o consumo de muitos passará por uma reestruturação, pois a prioridade serão as contas básicas e alimentação.

         Enquanto isso os ricos sonegadores gozam de imunidade na hora do ajuste e me vem a memória a leitura de duas obras excelentes para o entendimento dessa conjuntura que são: “Ricos, Podres de Ricos” e “A Riqueza Desmistificada” ambas do Professor da UFRGS Antonio David Cattani que ao elucidar nuances do processo de acumulação de riquezas , me faz entender a quem Paulo Guedes serve e por consequência a quem “A família real bolsonarista” e o Governador Eduardo Leite também procuram servir.

         E a grande parte do funcionalismo gaúcho, se não tiverem outro ofício para reforçar o orçamento doméstico, em um período não muito distante estarão fadados a extinção.

Referências Bibliográficas:

CATTANI, Antonio David. "Ricos e Podres de Ricos". Ed. Tomo Editorial, Porto Alegre - RS. 2014.

CATTANI, Antonio David. "Desmistificando a Riqueza". Ed. Marca Visual. Porto Alegre - RS. 2013.


Um comentário:

  1. Muito boa a referência ao professor Cattani. De fato, Paulo Guedes é o malvado favorito dessa extrema direita mercadista que está aí.

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