Daniel da Luz Machado - Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Nos dias atuais diante dessa calamidade pandêmica que assola
diversos países de diferentes continentes, o conjunto de
preocupações que assola uma grande parte da população é com o
quê está por vir? Como enfrentaremos e sairemos dessa crise? As
vidas como serão tratadas e modificadas? O quê a crise coletiva
representará para cada indivíduo? Enfim os questionamentos são
múltiplos e pertinentes, todos embasados na perplexidade com que
esta pandemia deixou um contingente de vidas findadas.
Neste cenário ruim, esperamos que as lideranças em seus diversos
âmbitos de gestão, nos acenem com algumas perspectivas de travessia
desse mar revolto com o menor efeito de perda colateral. É chegado o
momento em que posicionamentos ideológicos suplantem suas diferenças
na busca pelo equilíbrio e o bem estar social e que todos nós
possamos realizar a nossa parte no sentido da prevenção e da
colaboração para minimizar os efeitos da propagação do Coronavírus.
Enquanto lideranças espalhadas pelo mundo inteiro se posicionam da
maneira esperada pelas suas respectivas sociedades, aqui no Brasil
nosso Presidente a cada instante se supera na arte de ser
inqualificável, de ter atitudes inaceitáveis com o cargo que ocupa,
de demostrar uma falta de empatia, de capacidade gestora, de respeito
com o povo brasileiro. O Presidente do Brasil talvez não tenha sido
avisado pelo seu staff de que as eleições presidenciais acabaram e
que ele como vitorioso deveria de forma imediata governar para toda
nação e não apenas para as elites e que em um advento de exceção
como é esta pandemia, o mínimo de postura e respeito pelo temor
coletivo seria de bom tom.
O Presidente Bolsonaro exacerba seu revanchismo e seu despreparo
intelectual e cognitivo para assumir um cargo da envergadura que
ocupa e cada instante parece fazer questão de “meter os pés pelas
mãos” com pronunciamentos e aprovações de medidas que vão na
contramão do que estamos vivendo.
É exatamente nesse ponto que o comportamento de “Seita” por
parte de muitos de seus eleitores acabam se manifestando e dando
origem a essa humilde análise.
Tanto em conversas em diversos ambientes, como lendo declarações
em redes sociais e entrevistas é inacreditável o quanto o apoio
cego e incondicional as bizarrices provocadas por Jair Bolsonaro se
propagam. A adesão as suas estapafúrdias medidas e pronunciamentos,
transcendem classe social, nível de escolaridade e quaisquer outros
aspectos. Os seus defensores o protegem apenas pelo ato da proteção
em si. A medida pode ser ruim para todos, mas a vassalagem é unânime
em dizer coisas do tipo: Ah! Mas ele não quis dizer isso; Essa
história não é bem assim; Os Jornais “A” “B” ou “C”
são comunistas; Quando era o PT vocês não falavam, enfim torna-se
extremamente desgastante a tentativa de argumentação, de tentar
trazer luz a uma discussão, pois simplesmente os ouvidos se fecham e
você que o sujeito vai ficando agressivo e o melhor caminho é
encerrar o diálogo pois ele não chegará a lugar algum.
Étienne de La Boétie na sua ótima obra “Discurso da Servidão
Voluntária” escrita no Século XVI nos diz que: “ É o
próprio povo que se escraviza e se suicida quando, podendo escolher
entre ser submisso ou ser livre, renuncia à liberdade e aceita o
jugo; quando consente com seu sofrimento, ou melhor, o procura”.
Isso
me parece ser claro nos seguidores do Presidente, que poderiam
exercer a liberdade de romper com ele, visto que as promessas de
campanha em momento algum estiveram perto de serem cumpridas no seu
sentido mais completo. Bolsonaro atendeu apenas prerrogativas
armamentistas. O combate a corrupção, a gestão sem viés
ideológico, o crescimento econômico tudo não passaram de falácias
e ainda por cima uma série de declarações e medidas que ferem
grande parte de seus apoiadores, que absurdamente ainda mantém a
defesa de seu mandato e de sua imagem.
Outras
obras literárias que saltam a minha mente diante da desfaçatez de
defender a gestão desse Srº e entender esse comportamento
idiotizado da sua defesa são: Admirável Mundo Novo de Aldous
Huxley; A Revolução dos Bichos e 1984 de George Orwell e O Homem
que amava os cachorros de Leonardo Padura, todas obras que oferecem
uma boa reflexão a respeito da incapacidade de romper com certas
surrealidades.
BIBLIOGRAFIA:
BOÉTIE,
Étienne de La - Discurso da Servidão Voluntária;
HUXLEY, Aldous - Admirável Mundo Novo;
ORWELL,
George - A Revolução dos Bichos;
ORWELL, George - 1984;
PADURA, Leonardo - O Homem que amava os cachorros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário