Paulo Kobielski
Licenciado em História, FAPA
Especializações em Filosofia e Sociologia, UFRGS
Organiza junto com Denilson Reis, o Dia do Quadrinho Nacional Alvorada, Dia Nacional do Fanzine Alvorada, Gibifest Alvorada, Mutação POA,
Nas
mais diversas sociedades, o homem vive de forma de desigual. Seja
pela privação de necessidades básicas ao ser humano como
alimentação, saúde e educação, seja pela falta de acesso aos
bens de consumo. O estudo da desigualdade social no Ensino Médio
permite conhecer problemas como pobreza e exclusão dentro de uma
sociedade e entre as sociedades. Sabemos que as diferenças entre os
indivíduos e os grupos sociais estão presentes em todas as
sociedades, independente da nacionalidade ou época. O que faz
diferença é a forma como olhamos essas desigualdades.
É
importante salientar que existem diferentes tipos de desigualdade e
nos mais diferentes níveis, que incluem aspectos políticos e
econômicos, aspectos culturais e sociais, como é o caso das
diferenças de acesso à educação e à cultura.
Para
o sociólogo britânico Anthony Giddens, os benefícios da
globalização não atingem a todos se configurando no que chama de
“desigualdade global”:
“Todavia,
essas mesmas questões críticas relacionadas com a classe, o status
e o poder existem em uma escala ainda maior no mundo como um todo.
Assim como podemos falar de pobres e ricos, status elevado e baixo ou
poderosos e impotentes dentro de um mesmo país, podemos falar sobre
essas desigualdades e suas causas dentro de um sistema global como um
todo.” (GIDDENS, 2012, p.377)
A
desigualdade, como podemos perceber, não é um desafio a ser vencido
apenas nos países em desenvolvimento como o Brasil, mas também em
outros tantos do mundo globalizado. Quando falamos em desigualdade e
suas causas, devemos lembrar que elas existem entre indivíduos e
grupos das diversas sociedades. O mesmo autor diz que “a
desigualdade baseada na classe e diferenças entre status social e
por essas divisões sociais hierárquicas continuam a determinar as
chances na vida atualmente” (GIDDENS, 2012, p.377).
Para
tentar entender o tema da desigualdade social e da pobreza, um
recurso didático-pedagógico bem interessante que pode ser utilizado
são as histórias em quadrinhos.
Durante
muito tempo as histórias em quadrinhos foram olhadas com certa
desconfiança quanto aos efeitos que elas poderiam provocar em seus
leitores. Por representarem um meio de comunicação de vasto consumo
e com conteúdo, até os dias de hoje, majoritariamente direcionado a
crianças e jovens, as histórias em quadrinhos cedo se transformaram
em objeto de restrição, condenadas por muitos pais e professores do
mundo inteiro. Entretanto, percebeu-se nas últimas décadas que as
histórias em quadrinhos podiam ser utilizadas de forma eficiente
para a transmissão de conhecimentos específicos, ou seja,
desempenhando uma função utilitária e não apenas de
entretenimento.
Um
bom exemplo disso é o arco de histórias em quadrinhos (HQs)
publicadas nos números 76 a 87 da revista “Lanterna Verde e
Arqueiro Verde”, publicado pela DC Comics, entre os anos de 1970 e
1971, com roteiros de Dennis O’Neil e desenhos de Neal Adams.
Essa é uma das séries mais elogiadas das histórias em quadrinhos de super-heróis, onde pela primeira vez o gênero encarava problemas políticos e sociais da sociedade contemporânea.
Enquanto o super-herói Lanterna Verde apresentava o norte-americano médio conservador, o Arqueiro Verde era o homem com uma visão mais de esquerda e contestadora da sociedade vigente. Oliver Queen (identidade secreta do Arqueiro Verde) questiona o papel de Hal Jordan (identidade secreta do Lanterna Verde) como super-herói, e os dois personagens acabam realizando uma viagem pelos Estados Unidos, logo em seguida ganhando a companhia da heroína Canário Negro, namorada do Arqueiro Verde. Em cada cidade que o trio de heróis parava, encontrava um problema social diferente, justamente assuntos que ocupavam a mídia norte-americana do início dos anos de 1970.
Essa é uma das séries mais elogiadas das histórias em quadrinhos de super-heróis, onde pela primeira vez o gênero encarava problemas políticos e sociais da sociedade contemporânea.
Enquanto o super-herói Lanterna Verde apresentava o norte-americano médio conservador, o Arqueiro Verde era o homem com uma visão mais de esquerda e contestadora da sociedade vigente. Oliver Queen (identidade secreta do Arqueiro Verde) questiona o papel de Hal Jordan (identidade secreta do Lanterna Verde) como super-herói, e os dois personagens acabam realizando uma viagem pelos Estados Unidos, logo em seguida ganhando a companhia da heroína Canário Negro, namorada do Arqueiro Verde. Em cada cidade que o trio de heróis parava, encontrava um problema social diferente, justamente assuntos que ocupavam a mídia norte-americana do início dos anos de 1970.
Essas
HQs, por tratarem de questões pertinentes à área das Ciências
Sociais tais como pobreza, desemprego, falta de habitação, aumento
demográfico, exploração capitalista, racismo, drogadição, fome,
direitos da mulher, manipulação religiosa, indígenas, direitos
civis, trabalho e alienação, todos assuntos polêmicos da época.
Algumas
dessas questões já encontramos no primeiro conto do arco de
histórias “O mal sucumbirá ante minha presença” (Lanterna
Verde e Arqueiro Verde, nº 76, 1970), em que o herói Lanterna Verde
ajuda um imobiliário (Jubal Slade) expulsar supostos arruaceiros de
seu prédio, quando na verdade este homem os está mantendo num lugar
imundo e asqueroso, sem nenhum saneamento, e ainda quer derrubar o
prédio para fazer um estacionamento, despejando assim todos os
moradores e aumentando o censo dos sem-teto e desempregados.
Nesta história, temos a chance de ver gente desmoralizada por ter tido as oportunidades arrancadas de si, sendo obrigados a viver como indigente e escória, jogada ao relento e recebendo cuidados miseráveis de homens como Slade. Isto ainda é uma realidade hoje, não apenas nas grandes e pequenas cidades de nosso país como também nos Estados Unidos que, mesmo sendo a maior potência econômica do mundo, tem problemas sociais ainda tão sérios quanto os nossos, o que não é de hoje, como podemos ver nas histórias. Os autores Dennis O’Neil e Neal Adams quiseram tirar os leitores de seus casulos mostrando a verdade do mundo real dentro do mundo fictício.
Nesta história, temos a chance de ver gente desmoralizada por ter tido as oportunidades arrancadas de si, sendo obrigados a viver como indigente e escória, jogada ao relento e recebendo cuidados miseráveis de homens como Slade. Isto ainda é uma realidade hoje, não apenas nas grandes e pequenas cidades de nosso país como também nos Estados Unidos que, mesmo sendo a maior potência econômica do mundo, tem problemas sociais ainda tão sérios quanto os nossos, o que não é de hoje, como podemos ver nas histórias. Os autores Dennis O’Neil e Neal Adams quiseram tirar os leitores de seus casulos mostrando a verdade do mundo real dentro do mundo fictício.
REFERÊNCIAS
GIDDENS,
Anthony. Classe, Estratificação e Desigualdade. In:______
Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
KOBIELSKI,
Paulo Ricardo. O uso das histórias em quadrinhos e dos fanzines nas
aulas de Sociologia. In: ____ Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Porto Alegre, 2015
ISSUU.
Disponível em
<http://issuu.com/lasquei/docs/grandes_cl_ssicos_dc_-_lanterna_verde_e_arqueiro_v>.
Acesso em: 07 out. 2015.
Parabéns tem que amar oque faz e eu sei que tu ama tenho muita admiração pelo teu trabalho e persistência
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