sábado, 23 de abril de 2016

O inverno rude e as tempestades de retrocesso que se aproximam.




Daniel da Luz Machado - Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS & Ator.




O inverno rude e as tempestades de retrocesso que se aproximam.



               No último domingo a cobertura das atividades da Câmara dos Deputados Federais em Brasília na votação para formalizar o pedido de impeachment da Presidente Dilma Rousseff  foi muito além de um processo administrativo e político.

            O que se votou e foi decidido ali, ultrapassa o simplismo avaliativo e instiga profundas reflexões aos rumos que a Nação Brasileira tomará na próxima década.

            Não há nada mais desigual do que em um país de profundas desigualdades, adotar uma postura liberal conservadora, por aqui devido ao complexo plano seletivo de tratamento e a quase inexistente mobilidade social, em um plano mais profundo, visto que capacidade de crédito não significa uma real mudança de paradigmas.

            O que se viu na Câmara dos Deputados foi um cenário dantesco e catastrófico que ajudou ainda mais a desacreditar a classe política perante o cidadão comum. O comportamento carente de boa educação, carente de argumentos inteligentes e até com exaltação a torturadores que mancharam a história nacional com seus crimes, além do alinhamento nocivo de questões religiosas com questões políticas em nada contribui ao processo democrático, que, aliás, foi assassinado a sangue frio no dia 17 de abril de 2016.
          
  O processo de encaminhamento da proposta de impeachment ao Senado Federal foi conduzido pelo Deputado Eduardo Cunha, um agente político que é réu em outras instâncias, além de comprovadamente ter mantido uma postura ilícita ao longo de sua vida pública, como se não bastassem às inúmeras fichas sujas da grande maioria que votou contra o governo federal.

            No dia 17 de abril perdemos a chance de ter  uma aula de democracia, onde a coerência falasse mais alto e acalmasse os ânimos perigosamente acirrados por um binarismo que toma conta da população amparada em conceitos de senso comum, mas que são amplificados por atitudes inapropriadas de alguns agentes políticos. Esse era o momento de mostrar que mesmo descontente com um governo, o revanchismo vingativo nunca foi nem será saída para mudanças estruturais e realmente importantes.

            Demos ao mundo uma prova substancial não apenas da juventude da nossa democracia, mas acima de tudo da imaturidade de um sistema político onde diversos elementos com conduta pública comprovadamente ilícita encaminharam o início do afastamento de uma Presidente que contrariamente aos seus acusadores não tinha crimes comprovados.



            É! Apesar do forte calor, desconfio que o inverno chegou  mais cedo e com ele a rigidez conservadora de quem sempre mandou no país sem resultados satisfatórios ou dignos de apreciação da população que será engolida pelas tempestades de retrocesso.

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