Daniel da Luz Machado - Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS & Ator.
O inverno rude e as tempestades de retrocesso que se aproximam.
No último domingo a
cobertura das atividades da Câmara dos Deputados Federais em Brasília na
votação para formalizar o pedido de impeachment da Presidente Dilma
Rousseff foi muito além de um processo
administrativo e político.
O que se votou e foi decidido ali, ultrapassa o simplismo
avaliativo e instiga profundas reflexões aos rumos que a Nação Brasileira
tomará na próxima década.
Não há nada mais desigual do que em um país de profundas
desigualdades, adotar uma postura liberal conservadora, por aqui devido ao
complexo plano seletivo de tratamento e a quase inexistente mobilidade social,
em um plano mais profundo, visto que capacidade de crédito não significa uma
real mudança de paradigmas.
O que se viu na Câmara dos Deputados foi um cenário
dantesco e catastrófico que ajudou ainda mais a desacreditar a classe política
perante o cidadão comum. O comportamento carente de boa educação, carente de
argumentos inteligentes e até com exaltação a torturadores que mancharam a
história nacional com seus crimes, além do alinhamento nocivo de questões
religiosas com questões políticas em nada contribui ao processo democrático,
que, aliás, foi assassinado a sangue frio no dia 17 de abril de 2016.
O processo de encaminhamento da proposta de impeachment
ao Senado Federal foi conduzido pelo Deputado Eduardo Cunha, um agente político
que é réu em outras instâncias, além de comprovadamente ter mantido uma postura
ilícita ao longo de sua vida pública, como se não bastassem às inúmeras fichas
sujas da grande maioria que votou contra o governo federal.
No dia 17 de abril perdemos a chance de ter uma aula de democracia, onde a coerência
falasse mais alto e acalmasse os ânimos perigosamente acirrados por um binarismo
que toma conta da população amparada em conceitos de senso comum, mas que são
amplificados por atitudes inapropriadas de alguns agentes políticos. Esse era o
momento de mostrar que mesmo descontente com um governo, o revanchismo
vingativo nunca foi nem será saída para mudanças estruturais e realmente
importantes.
Demos ao mundo uma prova substancial não apenas da
juventude da nossa democracia, mas acima de tudo da imaturidade de um sistema
político onde diversos elementos com conduta pública comprovadamente ilícita
encaminharam o início do afastamento de uma Presidente que contrariamente aos
seus acusadores não tinha crimes comprovados.
É! Apesar do forte calor, desconfio que o inverno chegou mais cedo e com ele a rigidez conservadora de
quem sempre mandou no país sem resultados satisfatórios ou dignos de apreciação
da população que será engolida pelas tempestades de retrocesso.
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