A intolerância nossa do dia a dia e os desdobramentos reacionários no atual contexto brasileiro
Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS
Divergir
e não partir para agressão física ou verbal, ou ao menos manter o
respeito e a polidez no embate do campo das ideias, deveria ser algo
natural, pelo menos no século XXI, visto que o processo de evolução
nos remete a este estágio.
No
atual contexto brasileiro onde o caos político gerado por um governo
impopular e golpista, acaba deflagrando diariamente um terreno de
disputa acirrado entre variados grupos sociais e nesse ínterim
parece estar se tornando corriqueiro a ação direta da cólera como
mediação e veredicto final para os embates ideológicos.
Cada
vez mais os posicionamentos à direita ou à esquerda se pautam por
uma intolerância e truculência demasiada em relação ao seu oposto
e se pautam menos em leituras e releituras dos seus principais
pensadores, para balizarem-se nos preceitos do senso comum, e o que é
pior, além de reproduzirem um pensamento superficial e
demasiadamente incompleto, tentam impô-lo com a intenção de
praticamente excluir o adversário da existência.
Não
acredito em neutralidade ideológica, no momento em que nos propomos
a discutir determinado ponto, estaremos trazendo todas as nossas
referências e preferências em relação ao tema discutido, porém
não desejo apagar da existência o meu opositor ideológico, quiçá
contribuir com meu ponto de vista e se por ventura a razão
estabelecer-se em meus argumentos.
O
caso do pai que assassinou o filho em Goiás e logo após cometeu
suicídio por divergências ideológicas já é profundamente
lamentável do ponto de vista humanístico, e o que o torna mais
bizarro foram as repercussões em determinados “perfis das redes
sociais” de apoio a tal atitude esdrúxula, colocando o pai como
vítima de um filho “vagabundo” que lhe causara tamanho desgosto,
aliás, se tratando de termos pejorativos a grande mídia contribui
de maneira sistemática com sua cobertura totalmente parcial ao
adjetivar negativamente os movimentos sociais que no atual contexto
brasileiro lutam contra uma série de medidas austeras e descabidas.
Boa parte dos grandes jornais costuma dizer que as ocupações nas
Universidades e Escolas brasileiras , por exemplo, são transtornos e
em algumas vezes noticiam até que baderneiros estão prejudicando
os alunos que querem estudar e dessa forma vai se disseminando em
cada conversa de “boteco”, em cada perfil de rede social, em cada
futebol com a turma no final do expediente uma grande animosidade de
ambas as partes.
Eu
na dúvida sempre converto a esquerda, mas isso não me confere o
direito de querer exterminar o pensamento contrário e para não
desejar isso, vigio-me e leio constantemente sobre as pautas que o
cotidiano propõe antes de sair com uma metralhadora de conceituações
empíricas e distantes do real conhecimento.
Em
tempos: Não preciso odiar meus adversários ideológicos é bem mais
fácil solidificar os meus conceitos e contribuir para que aquilo que
considero melhor possa ser estendido ao coletivo, até por que o
dissolução só deveria acontecer no campo intelectual e nunca
transferir-se e extinguir o respeito pelo meu próximo.
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