quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A intolerância nossa do dia a dia e os desdobramentos reacionários no atual contexto brasileiro

A intolerância nossa do dia a dia e os desdobramentos reacionários no atual contexto brasileiro



Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS


Divergir e não partir para agressão física ou verbal, ou ao menos manter o respeito e a polidez no embate do campo das ideias, deveria ser algo natural, pelo menos no século XXI, visto que o processo de evolução nos remete a este estágio.
                   No atual contexto brasileiro onde o caos político gerado por um governo impopular e golpista, acaba deflagrando diariamente um terreno de disputa acirrado entre variados grupos sociais e nesse ínterim parece estar se tornando corriqueiro a ação direta da cólera como mediação e veredicto final para os embates ideológicos.
           Cada vez mais os posicionamentos à direita ou à esquerda se pautam por uma intolerância e truculência demasiada em relação ao seu oposto e se pautam menos em leituras e releituras dos seus principais pensadores, para balizarem-se nos preceitos do senso comum, e o que é pior, além de reproduzirem um pensamento superficial e demasiadamente incompleto, tentam impô-lo com a intenção de praticamente excluir o adversário da existência.
              Não acredito em neutralidade ideológica, no momento em que nos propomos a discutir determinado ponto, estaremos trazendo todas as nossas referências e preferências em relação ao tema discutido, porém não desejo apagar da existência o meu opositor ideológico, quiçá contribuir com meu ponto de vista e se por ventura a razão estabelecer-se em meus argumentos.
              O caso do pai que assassinou o filho em Goiás e logo após cometeu suicídio por divergências ideológicas já é profundamente lamentável do ponto de vista humanístico, e o que o torna mais bizarro foram as repercussões em determinados “perfis das redes sociais” de apoio a tal atitude esdrúxula, colocando o pai como vítima de um filho “vagabundo” que lhe causara tamanho desgosto, aliás, se tratando de termos pejorativos a grande mídia contribui de maneira sistemática com sua cobertura totalmente parcial ao adjetivar negativamente os movimentos sociais que no atual contexto brasileiro lutam contra uma série de medidas austeras e descabidas. Boa parte dos grandes jornais costuma dizer que as ocupações nas Universidades e Escolas brasileiras , por exemplo, são transtornos e em algumas vezes noticiam até que baderneiros estão prejudicando os alunos que querem estudar e dessa forma vai se disseminando em cada conversa de “boteco”, em cada perfil de rede social, em cada futebol com a turma no final do expediente uma grande animosidade de ambas as partes.
              Eu na dúvida sempre converto a esquerda, mas isso não me confere o direito de querer exterminar o pensamento contrário e para não desejar isso, vigio-me e leio constantemente sobre as pautas que o cotidiano propõe antes de sair com uma metralhadora de conceituações empíricas e distantes do real conhecimento.


          Em tempos: Não preciso odiar meus adversários ideológicos é bem mais fácil solidificar os meus conceitos e contribuir para que aquilo que considero melhor possa ser estendido ao coletivo, até por que o dissolução só deveria acontecer no campo intelectual e nunca transferir-se e extinguir o respeito pelo meu próximo.

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