Rafael Freitas, Historiador Alvoradense, Membro fixo do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata e Comunicador da Rádio Comunitária a Voz do Morro
BREVE
RELATO SOBRE A CRIAÇÃO DO CURSINHO POPULAR MINERVINO DE OLIVEIRA EM
ALVORADA
Eis
que em dezembro de 2016 surgiu a ideia de criar um cursinho pré
vestibular popular em Alvorada, depois que essa cidade teve a
experiência similar com o chamado Zumbi dos Palmares. E no mesmo
lugar, na União das Associações de Moradores de Alvorada. Era uma
conversa para a minha pesquisa sobre Luis Carlos Solim e sobre outras
questões envolvendo política, como o início da criação do ativo
do Coletivo Negro Minervino de Oliveira na cidade, quando o Sr. Raul
Pereira perguntou “Porque vocês não fazem um cursinho na UAMA?”.
Unindo todas as ideias, entre conversas com o pessoal da UAMA, de cursinhos como o próprio Zumbi dos Palmares, Esperança Popular da Restinga em Porto Alegre, entre outros momentos de ricas reflexões e debates, os dois membros iniciais do Coletivo organizaram uma primeira formação aberta tendo em vista a formação da equipe de organização do cursinho.
A formação ocorreu em 19 de janeiro de 2017 e teve como palestrante o militante da Resistência Popular professor Pablo, que abordou a importância da inserção no ensino superior para as classes populares. A próxima formação abordou os Panteras Negras. E muitas outras ocorrerão, pois o Coletivo está aberto a todos os que também lutam contra o racismo e pela pauta histórica das lutas de classe em Alvorada, que é confrontar a discriminação econômica que somente será abolida quando nossa sociedade não se dividir em classes sociais.
Unindo todas as ideias, entre conversas com o pessoal da UAMA, de cursinhos como o próprio Zumbi dos Palmares, Esperança Popular da Restinga em Porto Alegre, entre outros momentos de ricas reflexões e debates, os dois membros iniciais do Coletivo organizaram uma primeira formação aberta tendo em vista a formação da equipe de organização do cursinho.
A formação ocorreu em 19 de janeiro de 2017 e teve como palestrante o militante da Resistência Popular professor Pablo, que abordou a importância da inserção no ensino superior para as classes populares. A próxima formação abordou os Panteras Negras. E muitas outras ocorrerão, pois o Coletivo está aberto a todos os que também lutam contra o racismo e pela pauta histórica das lutas de classe em Alvorada, que é confrontar a discriminação econômica que somente será abolida quando nossa sociedade não se dividir em classes sociais.
O
primeiro nome pensado para o cursinho foi Luis Carlos Solim, um ainda
ilustre desconhecido para a população alvoradense. Mas ao ouvir um
pouco sobre a trajetória de Minervino de Oliveira, o sr Raul, que
faz parte da diretoria da UAMA, foi aluno e um apoio na coordenação
do cursinho Zumbi enquanto esteve ali na UAMA por cerca de três
anos, foi um entusiasta em dar esse nome para o cursinho popular.
Sugestão aceita por mim e por Rafael Melo. O próximo passo foi
produzir o logotipo.
Todos
os participantes do cursinho são voluntários e possuem ligação
sentimental com Alvorada, almejando que a solidariedade não seja
mais apenas os dizeres do pórtico de entrada na cidade, mas uma
realidade. Foram estabelecidos os valores do cursinho, como o combate
ao racismo, ao machismo, a discriminação religiosa e econômica.
Bem como foram também definidos os seus deveres, de promover debates
e atividades que reforcem o papel do cidadão; de empoderar alunos e
alunas para que eles ocupem seus espaços de direito, dentro e fora
de Alvorada; de promover o diálogo entre alunos sobre atualidades,
direitos do cidadão e o debate político, para cada estudante
exercer a cidadania de forma prática; instigar o debate sobre
minorias e cultivar o respeito ao próximo; respeitar os espaços de
fala de cada um e incentivar a participação coletiva.
O
Coletivo Negro Minervino de Oliveira alvoradense hoje possui seu
secretariado, sempre visando estimular o surgimento de novas
lideranças comunitárias. E o Pré Vestibular Popular Minervino de
Oliveira hoje tem definida a sua equipe de organização, formada por
um diretor geral, uma coordenação administrativa e uma coordenação
pedagógica. Aonde seus integrantes não são todos do Coletivo
Negro, que não é dono do cursinho. Não há um dono, como se o
cursinho fosse uma propriedade privada. Além disso, pode-se dizer
que também não há hierarquias, mas divisão de tarefas, aonde
todos se ajudam. A instância máxima é a reunião geral, aonde há
debates, votações, definição de tarefas, e as decisões coletivas
são mais importantes do que as opiniões pessoais. O lema do
cursinho: é popular, é nosso!
Muitos
dos membros da equipe de organização estiveram presentes desde a
primeira reunião, como Fabiano Soria Vaz, Fabiano Boldrini, Davi
D’Ávila Souza, Diuliane Andrade, Marcito Luz e Catiana Leite.
Popular desde a sua organização portanto, o cursinho quando estava
com vagas abertas para candidatos a fazer parte do seu alunado colava
cartazes por Alvorada com os dizeres:“Já pensou em fazer
faculdade? Estão abertas pré inscrições para interessados em
fazer cursinho pré vestibular popular em Alvorada. As atividades
serão realizadas na sede da UAMA- Tobias Barreto, 324, Bela Vista,
Alvorada-RS (próximo à praça central) no turno da noite.”
Tivemos
mais de uma centena de interessados. Surgiram novas preocupações e
passamos a buscar uma sede mais adequada para atender a essa demanda
por cursinho popular em Alvorada. Chegamos ao Instituto Federal do
Rio Grande do Sul, campus Alvorada.
Foto da primeira reunião para divulgar a ideia de criar o Pré
Vestibular Popular Minervino de Oliveira
Na
primeira aula, tivemos 51 alunos, que passaram a vivenciar
experiências de educação popular. Eu afirmei, durante a minha fala
na aula inaugural, ocorrida dia 17 de abril, que a educação popular
seria a nossa utopia. Pois eu reflito muito se será possível uma
educação popular de verdade em uma sociedade capitalista como a
nossa aonde se insere Alvorada? O que envolve educação popular
deverá ser tema de eventos ligados ao cursinho, mas enquanto isso,
ela continuará sendo o nosso rumo. Quiçá o nosso alunado possa ano
que vem, dentro do ensino superior, ensinar o que é educação
popular, bastando apenas descrever o que viveram desde dia 17 de
abril. Mês que é histórico para Alvorada.
Fotografia tirada no primeiro dia de aula com os estudantes e parte
da equipe de organização do cursinho popular Minervino de Oliveira
O
cursinho Minervino de Oliveira não deve ser um modelo para as
experiências que virão, mas um cursinho popular entre outros como
Transenem, Dandara, Colep, Território Popular, Zumbi dos Palmares,
Lima Barreto, e diversos outros. Cada lugar e tempo tem as suas
características e nenhum cursinho deve ser mera cópia de outro.
Como o Minervino de Oliveira não está sendo uma mera reprodução,
mas sim uma criação sem recalque e sem duplicata.
Com polígrafo autoral, camiseta com estética própria, que estarão movimentando a nossa história. Somos homens, mulheres, negros, brancos, católicos, de terreiro, ateus, de Alvorada, de Cachoeirinha, entre muitas outras variedades, todos da classe trabalhadora, organizados para inserir a periferia no ensino superior. Pois a periferia de Alvorada provou que quer estudar! Esse objetivo está sendo alcançado, pois o Instituto Federal do Rio Grande do Sul, campus Alvorada, é um espaço que abriga desde ensino médio até mestrado. Estamos bem unidos fazendo a luta por meio da educação, em um cursinho sem amos, o Minervino de Oliveira!
Com polígrafo autoral, camiseta com estética própria, que estarão movimentando a nossa história. Somos homens, mulheres, negros, brancos, católicos, de terreiro, ateus, de Alvorada, de Cachoeirinha, entre muitas outras variedades, todos da classe trabalhadora, organizados para inserir a periferia no ensino superior. Pois a periferia de Alvorada provou que quer estudar! Esse objetivo está sendo alcançado, pois o Instituto Federal do Rio Grande do Sul, campus Alvorada, é um espaço que abriga desde ensino médio até mestrado. Estamos bem unidos fazendo a luta por meio da educação, em um cursinho sem amos, o Minervino de Oliveira!
Encerro
esse relato particular dizendo muito obrigado a companheirada: Rafael
Melo, Marcito Luz, Debora Quadros, Matheus Kucharski, Lahis Brandão,
Jhosi, Davi, Diuli, Edison, Lucas Morone, Janice, Leandro, Vanessa
Matos, Fabiano Vaz, Fabiano Boldrini, Ana Paula Preto, Catiana Leite,
Ana Paula Santos, Jairo Silva, Grazi Rodrigues, Kethlyn Martinez,
Lucas Costa, Andreia Raupp, Julia Gomes, Wagner Cardoso. Christian. O
grupo é grande e não acaba aqui.
Todos com o mesmo objetivo, o cursinho popular Minervino de Oliveira,
que não deve por questão de justiça ser o cursinho desse ou
daquele indivíduo. Os nomes abaixo também fazem parte desse grande
coletivo, e muito obrigado a cada um. Como todos nós temos nossas
tarefas, a primeira deles é estudar! A segunda é também estudar!
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